Vídeo: PM dá mata-leão e pipoqueiro desmaia durante abordagem em São Paulo
Caso está sendo apurado pela Polícia Civil; Polícia Militar instaurou investigação preliminar e vai analisar câmeras corporais
Vanessa Di Sevo
Derick Toda
Um pipoqueiro foi preso após sofrer um golpe mata-leão de policiais militares e desmaiar durante uma abordagem nessa terça-feira (4), no Tatuapé, zona leste de São Paulo.
Agentes da Prefeitura de São Paulo foram fiscalizar o ambulante Manoel Ferreira de Albuquerque, de 42 anos, e apreenderam um carrinho de pipocas pela falta do Termo de Permissão de Uso (TPU).
O homem teria resistido segurando o carrinho depois de alegar que era sua única fonte de renda. Na sequência, fiscais chamaram a Polícia Militar, que aplicou o golpe de artes marciais contra o vendedor.
No momento da agressão, populares se manifestaram contra a ação da PM, que respondeu com o uso de spray de pimenta.
Veja:
Manoel foi preso por resistência, desobediência, ameaça e lesão corporal, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP).
O vendedor classificou como "desumano" o tratamento que recebeu dos policiais. Após ser liberado da delegacia, o pipoqueiro desabafou:
"Não tinha necessidade de fazer o que fizeram comigo, me enforcar, me dar um mata-leão, me prender e trazer para a delegacia algemado", diz.
Na visão do ambulante, que sofreu ferimentos no rosto, o fato de trabalhar na rua significa não significa que ele possa ser tratado como um animal.
"A gente que trabalha na rua não pode ser tratado como bicho", afirma.
O que diz a SSP
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o caso está sendo apurado pela Polícia Civil.
A PM também instaurou uma investigação preliminar que analisará as câmeras corporais, além das imagens da ação.
"As partes foram orientadas quanto ao prazo para representação criminal", diz a pasta.
O que diz a Ouvidoria
A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo informou que abriu um procedimento e encaminhou o vídeo para a Corregedoria da Polícia Militar para que proceda a investigação do ocorrido que apresenta " a princípio, ao menos duas irregularidades: o referido “mata-leão” manobra proibida há anos, pelo primeiro agente e a aplicação de spray de pimenta, pelo segundo agente, na população que procurava gravar a cena. Confiamos na apuração rigorosa do órgão correcional e acompanharemos os desdobramentos do caso até sua conclusão final, pois procedimentos que ferem as práticas da corporação e a dignidade humana precisam ser condenados, inclusive em favor da maioria da força policial, que faz seu trabalho com profissionalismo e respeito à população de nosso estado." finaliza a nota.