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Justiça de SP aceita denúncia contra guardas acusados de participar de milícia na Cracolândia

Traficantes ligados ao PCC e integrantes de outros núcleos que alimentam o tráfico no centro da cidade também viraram réus

Justiça de SP aceita denúncia contra guardas acusados de participar de milícia na Cracolândia
Agentes da GCM atuando na região da Cracolândia, maior cena aberta de consumo de drogas do país | Paulo Pinto/Agência Brasil
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A Justiça de São Paulo aceitou, na última sexta-feira (23), a denúncia do Ministério Público contra integrantes de núcleos que alimentam o tráfico de drogas na Cracolândia, no centro da capital paulista. Entre os réus, estão agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) que comandavam uma milícia armada que vendia segurança para comerciantes da região, e traficantes ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

+ Polícia prende ex-GCMs suspeitos de integrar milícia que extorquiu R$ 3 milhões na Cracolândia

Segundo o juiz Leonardo Valente Barreiros, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, o ex-GCM Elisson de Assis se utilizava da condição de agente de segurança para cobrar, por meio de uma empresa criada em sociedade com a esposa, valores de comerciantes da região central.

"A lista apreendida que menciona 'Colaboradores de boa-fé' sugere que de fato, utilizando-se de seu cargo na administração, negociava serviços de segurança valendo-se de expediente intimidatório, na medida em que ressaltava a diferença entre ser 'colaborador' ou não ser", diz o magistrado.

O grupo, composto ainda pelos GCMs Antonio Carlos Amorim Oliveira e Renata Oliva de Freitas Scorsafava, é chamado pelo juiz de "milícia privada". "Em outras palavras, ao que parece, vendiam uma proteção contra uma ameaça que eles mesmos representavam, traço característico deste tipo de delito", afirma Barreiros. O esquema movimentou R$ 3 milhões, segundo investigação do Ministério Público.

Rubens Alexandre Bezerra, ex-GCM expulso da corporação em 2019, também virou réu no processo. Segundo a decisão, ele comercializava armas de fogo para traficantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) que atuavam na Favela do Moinho.

"Há ainda fotografias com diversos armamentos, alguns de grosso calibre, o que para além da gravidade do delito de comércio de arma de fogo, indica o poderio bélico do grupo, algo a sugerir tratar-se de fato de uma organização criminosa", diz o juiz.

Leonardo Monteiro Moja, o "Leo do Moinho", é outro que vai responder pelos crimes na Justiça. Segundo a denúncia do Ministério Público, ele é o líder do tráfico de drogas na Cracolândia. Outros dois integrantes da família, Alberto e Jefferson Moja, tiveram a prisão preventiva decretada e se tornaram réus.

Para o juiz, "os denunciados permitiriam o funcionamento da traficância na 'Favela do Moinho', atuando na lavagem de capitais do dinheiro ilícito, o que teria sido demonstrado com a apreensão efetuada no endereço declarado por todos os integrantes da família Moja, e nas suas imediações, contendo locais de armazenamento da droga".

Valdecy Messias de Souza, cinegrafista amador e funcionário de uma empresa de comunicação – acusado de vender para o "Núcleo da Comunicação" da organização criminosa equipamentos capazes de clonar a comunicação de rádios da polícia –, é outro que virou réu.

Segundo as investigações, ele seria "peça essencial" para a comunicação dos criminosos, já que possibilitava o acesso a conversas fechadas das corporações e repassava informações, prevenindo os traficantes da região sobre operações policiais.

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