Empresário confessa ter matado gari em Belo Horizonte, diz polícia
Renê da Silva Nogueira Júnior disse que a esposa, delegada da PCMG, não sabia que ele estava com a arma usada no crime
Antonio Souza
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) afirmou que o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, suspeito de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes, em Belo Horizonte, confessou o crime nesta segunda-feira (18), durante novo interrogatório realizado no Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
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Segundo a corporação, o homem admitiu ter efetuado o disparo após a discussão de trânsito. Ele afirmou ainda que utilizou uma arma particular pertencente à sua esposa, delegada da PCMG. Renê declarou que ela não tinha conhecimento de que ele havia se apoderado do armamento.
No primeiro depoimento, o empresário havia negado o crime e alegado uso de medicamentos controlados. Renê relatou sua rotina no dia do crime, afirmando que saiu do trabalho e foi para casa. Em seguida, passeou com os cachorros e depois foi direto para a academia. Em nenhum momento citou ter estado na rua onde o crime ocorreu.
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O empresário foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, porte ilegal de arma e ameaça. Imagens de câmeras de segurança flagraram Renê matando o gari e guardando a arma usada no crime.
As gravações foram feitas pelo sistema interno do estacionamento do prédio em que Renê mora, no Bairro Vila da Serra, em Nova Lima, na Grande BH. Ele está preso desde o dia do crime, segunda-feira (11), e aguarda a finalização do inquérito policial.
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Nesta segunda-feira (18), os advogados que defendiam o empresário deixaram o caso após a divulgação das imagens. Eles informaram que o investigado foi notificado e deverá apresentar nova defesa.
A Polícia Civil informou que novas informações sobre o caso poderão ser divulgadas em momento oportuno.
Relembre o caso
O gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, foi morto a tiros após uma discussão de trânsito no último dia 11, no Bairro Vila da Serra, em Nova Lima, na Grande BH. O suspeito foi o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos.
Segundo o boletim de ocorrência, Laudemir e outros garis recolhiam lixo quando a motorista do caminhão encostou o veículo para dar passagem ao carro do empresário. Renê teria abaixado o vidro e ameaçado matar caso alguém encostasse em seu carro. Os trabalhadores pediram calma e sugeriram que ele seguisse viagem. O suspeito, porém, desceu do carro alterado e disparou contra o grupo.
O gari Tiago Rodrigues, que presenciou o crime, afirmou que Renê agiu com frieza. “Assim que atirou, ele entrou no carro como se nada tivesse acontecido e foi embora”, disse. Tiago tentou socorrer o colega, mas Laudemir não resistiu.
Renê foi localizado por meio de informações de uma testemunha, que lembrou de parte da placa do carro dele e pela consulta de câmeras de segurança. A polícia apresentou uma foto do empresário, que foi reconhecido e apontado como o responsável pelo ataque. Apesar disso, ele negou que tivesse cometido o crime quando foi preso, no estacionamento de uma academia.
Na sexta-feira (15), a PCMG informou que a arma usada para matar Laudemir pertence à esposa do principal suspeito, a delegada da corporação Ana Paula Balbino Nogueira.
A compatibilidade foi confirmada pela perícia de microbalística, que analisou duas munições — uma usada e outra intacta — deixadas no local do crime. Desde então, Ana Paula é investigada pela Corregedoria da PCMG, que apura possíveis desvios de conduta da servidora.