Empresário suspeito de matar gari em BH tem prisão preventiva decretada pela Justiça; ele nega o crime
Flagrante foi convertido em prisão preventiva em audiência de custódia realizada na manhã desta quarta-feira (13)
SBT Manhã
com informações do Estado de Minas
Após audiência de custódia realizada nesta quarta-feira (13), a Justiça decretou a prisão preventiva do empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, principal suspeito do assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, em Belo Horizonte. O empresário negou o crime em depoimento, mas teve a prisão em flagrante convertida em preventiva a pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
De acordo com a decisão judicial, a prisão preventiva do réu é necessária para garantir a ordem pública. Isso porque, segundo a ata da audiência, o crime foi cometido "em plena luz do dia, por motivo fútil, uma aparente irritação decorrente de uma breve interrupção no trânsito".
"A desproporcionalidade e a frieza da ação, na qual o autuado, após uma breve discussão, deliberadamente sacou uma arma de fogo, a preparou para o disparo e atirou contra um trabalhador que exercia seu ofício, uma atividade pública essencial de limpeza da cidade, demonstram uma periculosidade acentuada e um total desrespeito pela vida humana. Tal conduta abala profundamente a tranquilidade social e gera um sentimento de insegurança na comunidade, indicando que a liberdade do autuado, neste momento, representa um risco real à ordem pública", destaca o documento.
Outro agravante citado na audiência foi que Renê, mesmo diante de um contratempo, ao ter deixado o carregador cair, se abaixou para pegá-lo e reinserir na arma. A atitude, conforme a Justiça, demonstra que não foi um ato de impulso momentâneo, mas "uma decisão consciente e voluntária de usar a violência, com a finalidade de ceifar a vida alheia". Os depoimentos das testemunhas corroboram com o ponto citado na audiência.
Além disso, o juiz informa que o acusado responde pelo crime de lesão corporal grave no Estado de São Paulo, representando uma personalidade violenta.
Suspeito nega o crime
Antes, em depoimento à polícia, Renê relatou sua rotina do dia do crime, alegando que saiu do trabalho e foi para casa. Em seguida, passeou com os cachorros e depois foi direto para a academia. Em nenhum momento ele citou que esteve na rua onde o crime ocorreu.
No entanto, a polícia afirma que o carro de luxo dirigido por ele foi visto na cena do crime por câmeras de seguranças e testemunhas. Além disso, foi por meio de parte da placa do veículo que os agentes chegaram até ele, que estava em uma academia quando foi preso.
Para isso, foi feita uma análise do departamento de inteligência da polícia, que descobriu o modelo do carro que ele estava dirigindo, um BYD.
A esposa de Renê é delegada de polícia. A corregedoria da Polícia Civil disse que vai apurar a conduta da delegada, pois ela tem uma arma de trabalho e outra particular, essa do mesmo calibre da que foi utilizada no homicídio. A arma será periciada para ver se bate com as informações das cápsulas encontradas no local do crime.
O velório de Leudemir ocorreu na terça-feira (12) e foi marcado por muita comoção e revolta por parte dos familiares.
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Morte de Laudemir
Na segunda-feira (11), o gari foi morto a tiros durante uma discussão de trânsito. O principal suspeito é o empresário.
Segundo o boletim de ocorrência, Laudemir e outros garis recolhiam lixo quando a motorista do caminhão encostou o veículo para dar passagem ao carro do empresário. Renê teria abaixado o vidro e ameaçado matar caso alguém encostasse em seu carro.
Os trabalhadores pediram calma e sugeriram que ele seguisse viagem. O suspeito, porém, desceu do carro alterado e disparou contra o grupo, atingindo Laudemir.
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O gari Tiago Rodrigues, que presenciou o crime, afirmou que Renê agiu com frieza. “Assim que atirou, ele entrou no carro como se nada tivesse acontecido e foi embora”, disse.
A vítima foi socorrida e levado ao Hospital Santa Rita, no bairro Jardim Industrial, em Contagem (MG), na Grande BH, mas morreu no local.
De acordo com informações do boletim de ocorrência, horas depois do crime, o suspeito foi detido no estacionamento de uma academia e disse à polícia que "não participou do episódio e que sua esposa é delegada da Polícia Civil de Minas Gerais, que o veículo abordado estaria em nome da servidora."
O advogado de Renê, Leonardo Salles, não se pronunciou sobre a decisão da Justiça. Anteriormente, ele havia solicitado o relaxamento da prisão, alegando a ausência de indícios que a justificassem, destacando réu primário, bons antecedentes e residência fixa do suspeito, mas o juiz negou o pedido.