Acusados de tráfico de bolivianos para exploração em confecções clandestinas são alvos da PF
Grupo aliciava vítimas em redes sociais e rádios da internet e os mantinha em situação análoga à escravidão; Operação Libertad fez buscas em SP, MG e MS
Um grupo acusado de traficar bolivianos para o Brasil para exploração de trabalho em condições de escravidão, em confecções clandestinas em São Paulo e Minas Gerais, foi alvo da Operação Libertad, da Polícia Federal (PF), nesta terça-feira (24).
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Pelo menos 16 alvos foram proibidos de deixar o Brasil e 26 confecções, lojas e outros negócios foram fechados, temporariamente, por ordem da Justiça Federal. Ninguém foi preso.
A ação da PF, que teve ainda 36 mandados de busca e apreensão, foi realizada em Belo Horizonte, Ribeirão das Neves (MG), Corumbá (MS), São Paulo e Guarulhos (SP).
Em julho, o governo federal lançou um plano nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas.
A operação é resultado de um acordo dentre o Brasil e Bolívia e das ações de combate a exploração humana e proteção aos direitos fundamentais do governo federal e autoridades.
A PF atuou com o apoio do Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego e da Defensoria Pública da União. coordenadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), por meio da Coordenação-Geral de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes.
"O tráfico de pessoas e o contrabando de migrantes são crimes diferentes, ainda que tenham formas de operacionalização similares e, muitas vezes, envolvam as mesmas redes criminosas, como demonstra a Operação Libertad", explica a coordenadora-geral de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes, Marina Bernardes.
Segundo Marina Bernardes, "situações envolvendo contrabando podem se transformar em tráfico de pessoas, na medida em que migrantes que inicialmente contratam contrabandistas para atravessar fronteiras podem, em alguns casos, acabar sendo explorados ou traficados, especialmente se contraírem dívidas ou forem submetidos a condições abusivas".
Os alvos são investigados por contrabando de migrantes, tráfico internacional de pessoas e trabalho análogo à escravidão, segundo a PF.