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Política

Lula diz que governo segue em negociação sobre tarifaço e critica Eduardo Bolsonaro: "Trocando o Brasil pelo pai"

Presidente comparou filho "03" de Bolsonaro ao traidor de Tiradentes, Silvério dos Reis, e pediu que Câmara tome "atitude" sobre deputado

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Presidente Lula (PT) elogiou Alckmin (PSB) como "exímio negociador" e reclamou que "ninguém quer conversar" com vice-presidente sobre tarifaço | Divulgação/Cadu Gomes/VPR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a afirmar nesta sexta-feira (25) que governo segue em negociação com os Estados Unidos sobre tarifaço de 50% imposto por Donald Trump a exportações nacionais. Durante agenda oficial em Osasco (SP), mandatário também repetiu críticas à família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em especial o deputado Eduardo (PL-SP), e pediu que a Câmara tome "atitude" sobre ele. Segundo chefe do Executivo, parlamentar foi aos EUA para trabalhar contra o país, "trocando o Brasil pelo pai".

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Lula comparou congressista ao traidor de Tiradentes, Joaquim Silvério dos Reis, no movimento da Inconfidência Mineira. "Esses mesmos cidadãos ou cidadãs que utilizavam camisa da Seleção Brasileira e bandeira nacional, se dizendo patriotas, agora estão agarrados nas botas do presidente dos Estados Unidos, pedindo para fazer intervenção no Brasil", falou.

"Junta a falta de patriotismo com sem-vergonhice, traição. Estão pedindo para o presidente dos Estados Unidos aumentar taxas de coisas que vendemos para eles para eles libertarem o pai. Trocando o Brasil pelo pai. Que patriota é esse? E isso é pior que Silvério dos Reis. Porque Silvério traiu Tiradentes, mas esse cara [Eduardo] tá traindo a nação. Tá traindo o povo brasileiro", acrescentou o presidente.

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Na sequência, como já fez em outras oportunidades, imitou o deputado buscando ajuda do mandatário norte-americano. "Vocês na Câmara têm que tomar atitude. Ele se afastou, foi lá pros Estados Unidos ficar pedindo, 'Trump, salva meu pai', 'Trump, salva meu pai'", ironizou.

Lula também fez críticas a deputados que exibiram nesta semana uma faixa com nome de Trump em comissão da Câmara. "É uma pena que ainda tenha gente que não tem um pingo de caráter, um pingo de vergonha na cara", disse.

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Lula valoriza Alckmin como "exímio negociador" e chama Trump para dialogar: "O dia que você quiser"

Em longo discurso, Lula abordou tarifaço e repetiu diversas vezes que governo federal está aberto ao diálogo e que Trump "foi enganado" por "mentiras" e informações falsas sobre o Brasil. O presidente citou as três justificativas usadas pelo mandatário norte-americano para a taxação como "coisas que não dá pra gente aceitar". E declarou que foi "surpreendido" com a carta dos EUA anunciando início da cobrança de 50% para 1º de agosto.

A Casa Branca argumentou que Bolsonaro, ideologicamente próximo de Trump, sofre perseguição política por causa da ação penal do Supremo Tribunal Federal (STF) em que ele é réu por tentativa de golpe de Estado, manifestou repúdio à regulação de redes sociais, chefiadas pelas chamadas big techs, no Brasil e afirmou que EUA têm prejuízo no comércio bilateral.

"Bolsonaro não é problema meu, é da justiça brasileira", falou Lula. "[Trump] pede na carta que a gente pare de perseguir Bolsonaro imediatamente. Se o Trump tivesse ligado pra mim, eu certamente explicaria pra ele o que está acontecendo com o ex-presidente. Não tá sendo perseguido, mas sendo julgado com todo direito de defesa. Tentou dar um golpe nesse país, não queria que eu e Alckmin tomasse (sic) posse. Chegou a montar equipe para matar Lula, Alckmin e Moraes. Isso já tá provado", disse.

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O general Mario Fernandes admitiu, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), autoria do "Punhal Verde e Amarelo", plano para assassinar Lula, Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, relator da trama golpista na Corte, em dezembro de 2022, após eleições daquele ano. Ex-secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência no governo passado, o réu alegou que documento era um "pensamento digitalizado" e negou apresentação do papel a Bolsonaro ou outras autoridades.

Lula, Alckmin e ministros em evento do governo realizado em Osasco (SP) | Divulgação/Cadu Gomes/VPR
Lula, Alckmin e ministros em evento do governo realizado em Osasco (SP) | Divulgação/Cadu Gomes/VPR

Ao falar novamente da situação do ex-presidente, recentemente alvo de medidas restritivas como tornozeleira eletrônica e veto a uso de redes sociais, Lula disse que "o povo brasileiro está esperando que se faça justiça". "Se [Bolsonaro] for inocente, vai ser livre. Agora, o que eu acho é que ele [Trump] precisaria ter um pouco mais de respeito", completou.

O presidente ainda valorizou papel do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), como "exímio negociador" do tarifaço junto ao governo dos EUA. "Quem deveria estar reclamando éramos nós e nós não estamos reclamando, estamos querendo negociar", destacou Lula, enumerando dados da relação comercial com os Estados Unidos.

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"Não só estou negociando, como estou colocando meu companheiro vice, homem calejado, pra ser negociador. Estamos tranquilos, estamos discutindo. Queremos ver de verdade o que vai acontecer. E aí vamos tomar nossas posições. Quem manda neste país é o povo brasileiro", salientou o presidente, que, no fim do evento, estendeu uma bandeira do Brasil com Alckmin, ministros e aliados.

Lula ainda reforçou que Alckmin é "o cara mais calmo que conheço na vida" e que o vice "não levanta a voz e não manda carta". "Só quer conversar", explicou. "Trump, o dia que você quiser conversar, o Brasil estará pronto e preparado pra discutir, pra tentar mostrar o quanto você foi enganado com as informações que te deram. E você vai saber a verdade sobre o Brasil."

"E quando você souber da verdade, você vai falar, 'Lula, não vou mais taxar o Brasil, vamos ficar assim do jeito que tá'. Mas é preciso conversar. E tá aqui o meu conversador número 1 [aponta para Alckmin]. Todo dia ele liga pra alguém e ninguém quer conversar com ele. Então, eu quero que o Trump nos trate com a delicadeza e o respeito que eu trato os Estados Unidos e o povo americano", finalizou.

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