"Mais uma operação para perseguir a oposição", diz Sóstenes Cavalcante após investigação da PF
Líder do PL atacou o presidente Lula e a esposa de Alexandre de Moraes; deputado nega irregularidades após operação da Polícia Federal
Gabriela Vieira
O líder do Partido Liberal (PL), Sóstenes Cavalcante, disse nesta sexta-feira (19) que a operação da Polícia Federal que o investiga, ao lado do deputado Carlos Jordy, por suspeita de contratos falsos de aluguel de veículos é “mais uma ação para perseguir a oposição”. Em coletiva com jornalistas, o deputado negou irregualidades e atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a esposa de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Diferente de Lulinha que deve explicação, o vice líder do Senado [Weverton] que também deve explicações, Lula que blinda a convocação na CPMI, nenhum deles bota a cara para a imprensa. Eu não tenho nada a temer e vou dar explicações necessárias para o esclarecimento do caso”, declarou.
Os deputados federais Sóstenes e Carlos Jordy gastaram juntos, de janeiro de 2023 a dezembro de 2025, mais de R$ 742 mil de cotas parlamentares com aluguéis de veículos. Contratos falsos com locadoras de carros são alvo da operação da Polícia Federal (PF) desta sexta, que investiga os dois parlamentares.
Durante a investigação, a PF encontrou R$ 430 mil em espécie em um flat onde o deputado federal Sóstenes se hospeda em Brasília. Ao ser questionado sobre a quantidade encontrada, ele respondeu dizendo que "trata-se de venda de imóvel de minha propriedade, dinheiro de corrupção não aparece lacrado em sua residência. Vendi um imóvel, o imóvel foi vendido com dinheiro lícito". O apartamento teria sido adquirido por ele depois de 2022.
O parlamentar explicou que recebeu o valor recentemente e que não teve tempo para fazer o depósito no banco, por um "lapso" causado pela correria do trabalho. Em sua defesa, Sóstenes disse não ter nada a "temer", criticando a PF por não investigar o contrato que a esposa do ministro Alexandre de Moraesm Viviane Barci de Moraes, tem com o Banco Master.
"Eu fico impressionado é como a Polícia Federal não quer investigar a esposa de um ministro do Supremo Tribunal Federal que tem um contrato com um banqueiro de R$ 129 milhões”, disse.
Quebra de sigilo
O discurso de Sóstenes omitiu pontos da investigação. O deputado não explicou movimentações milionárias de quatro pessoas citadas pelo ministro Flávio Dino, do STF, na decisão que autorizou a operação. O magistrado autorizou, nesta sexta, a quebra de sigilo bancário, fiscal e telemático dos deputados federais investigados, além de seus assessores, entre 02 de maio de 2018 e 06 de dezembro de 2024.
Em relação a suspeita de lavagem de dinheiro por meio de contratos de aluguel de veículos, Sóstenes afirmou que "tem deputados da esquerda que alugam carros da cota parlamentar, que pagam R$ 7 mil, alguns até R$ 8 mil reais". Segundo o deputado, o carro que ele aluga é "mais em conta" por ser trocado a cada dois anos.
Nota de Carlos Jordy na íntegra sobre o caso:
"No dia de hoje, endereços ligados a mim e ao líder do meu partido, deputado Sóstenes Cavalcante, foram alvo de buscas da Polícia Federal, autorizadas pelo ministro Flávio Dino.
"As diligências são um desdobramento de buscas realizadas em dezembro do ano passado e teriam como foco supostas irregularidades no aluguel de veículos do meu gabinete. Uma das alegações é que a empresa contratada — da qual sou cliente desde 2019 — possuiria apenas cinco veículos. Se o contrato existe há anos, o que a operação anterior não encontrou para justificar nova ação agora?
"Não cabe ao parlamentar fiscalizar a frota ou a estrutura interna da empresa contratada, mas sim contratar o serviço mais eficiente e pelo menor custo, como sempre fiz.
"É inadmissível, em uma democracia, que a Polícia Federal seja usada para intimidar parlamentares da oposição. Buscas contra deputados exigem indícios concretos de crimes graves e a atuação de autoridades imparciais.
"Causa estranheza que eu e o deputado Sóstenes, justamente quando investigamos o roubo de bilhões do INSS, tenhamos endereços violados e documentos apreendidos enquanto exercemos nosso dever constitucional de fiscalização.
"Seguirei firme na oposição e na CPMI do INSS. Essas ações não irão me intimidar nem interromper meu trabalho em defesa dos aposentados".








