Bolsonaro vê possível condenação como "game over" e evita desgaste com STF
Ex-presidente admite que condenação na Corte encerraria suas possibilidades jurídicas e critica tratamento dado a Mauro Cid

Ellen Travassos
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou a expressão "game over" para descrever o que representaria uma eventual condenação no STF por seu suposto envolvimento nos atos golpistas após as eleições de 2022. "Não há para onde recorrer depois do Supremo. Se for condenado, acabou", afirmou em entrevista ao portal UOL, nesta quarta-feira (14).
Bolsonaro mencionou casos internacionais como exemplo do que chamou de "lawfare", mas evitou assumir postura de confronto direto com a Corte Suprema: "Não me alegra desgastar o STF, mas pesquisas mostram que sua popularidade está abaixo até do Legislativo. Não compreendo essa perseguição intensa contra mim".
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O ex-presidente também buscou minimizar a reunião que manteve com o general Mário Fernandes, no Palácio da Alvorada, nos últimos dias de seu governo. O militar atualmente cumpre prisão por supostamente organizar um complô para assassinar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes – plano que ficou conhecido como Operação Punhal Verde e Amarelo.
Bolsonaro afirmou que recebia inúmeras visitas de apoiadores que queriam demonstrar apoio e verificar seu estado de saúde. Sobre as acusações contra Fernandes, sugeriu que a Polícia Federal deveria ouvir o depoimento do militar, mas fez pouco caso das denúncias, comparando o suposto plano a um "roteiro fictício de novela ou filme".
Ele ainda afirmou, sem apresentar provas, que Moraes fez "tortura" para obter a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que implicou o ex-presidente nos casos da tentativa de golpe e de venda das joias sauditas.
"Chegou ao ponto do Alexandre de Moraes interrogar o Mauro Cid. E ele falar 'olha teu pai, tua esposa, olha tua filha'. Você pode fazer delação nessas circunstâncias? A própria Lava Jato disse que isso é o pau de arara do século 21. Isso foi feito com o Cid", disse Bolsonaro.