"Acredito em milagre", diz Bolsonaro sobre chance de não ser condenado
Ex-presidente expressa fé em reversão judicial, mantém aliança com PL e evita nomear sucessor, enquanto reitera críticas ao sistema judiciário

Ellen Travassos
O ex-presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (14) que "acredita em milagre" quanto a uma eventual condenação. A frase foi dita em entrevista ao UOL.
Bolsonaro foi questionado sobre quem apoiaria caso continue inelegível até 2026, e logo afirmou crer que "algo pode mudar", e que ainda falta muito tempo para abril de 2026, prazo para quem ocupa cargo público se afastar para concorrer às eleições. "Vamos esperar a condenação. Eu ainda acredito em milagre, acredito em Deus e que algo possa mudar."
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Ele completou a fala dizendo que tem apoio do presidente do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto. "O Valdemar também tem dito: candidato até os 48 [minutos] do segundo tempo é Bolsonaro".
Ao ser perguntado sobre um eventual sucessor, ele se recusou em apontar alguém, mas disse ter uma "dívida de gratidão" com Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo. "Não posso bater o martelo agora, certas coisas se você externar... eu deixo de ser uma pessoa procurada", falou. "O que eu poderia esperar [dos possíveis sucessores] é questionar por que eu estou inelegível, é justo?"
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Bolsonaro disse que um dos motivos para se tornar inelegível podia ser até mesmo "por jogar papel no chão" e voltou a falar que foi condenado apenas por se reunir com embaixadores no Palácio da Alvorada e por fazer um discurso "no carro de som do (pastor) Silas Malafaia" após as comemorações do 7 de Setembro de 2022. "Ou seja, é um julgamento político. Não justifica o que tá acontecendo", criticou.
Na verdade, o ex-presidente foi declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em dois processos diferentes. Um deles se refere às declarações falsas que ele fez sobre as eleições durante um encontro com embaixadores, transmitido pela TV Brasil, emissora pública. Nessa ação, a condenação ocorreu por abuso de poder político e uso irregular da mídia, não pelo conteúdo da reunião em si.
O ex-presidente novamente criticou Alexandre de Moraes, afirmando que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) demonstra "perseguição excessiva" em relação a ele. Além disso, acusou Moraes de "acelerar processos" para condená-lo nos casos que envolvem a tentativa de impedir a posse do presidente Lula (PT), atualmente em análise no Supremo.