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Veja o plano 'Punhal Verde e Amarelo' para prender ou matar Alexandre de Moraes e as anotações da PF

Documento de três páginas apreendido com militar bolsonarista preso por tentativa de golpe lista monitoramento de ministro, armas necessárias e riscos de morte

Veja o plano 'Punhal Verde e Amarelo' para prender ou matar Alexandre de Moraes e as anotações da PF
Plano 'Punhal Verde e Amarelo', de militares golpistas, interpretado ela PF. (Crédito: Reprodução)
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O plano preparatório da operação militar clandestina "Copa 2022", que previa a "neutralização" Alexandre de Moraes - ministro relator dos processos do Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro (PL)-, no dia 15 de dezembro de 2022, teve início um mês antes, após reunião na casa do general Walter Braga Neto, e foi acompanhado por dois assessores diretos do ex-presidente: o tenente-coronel Mauro Cid e o coronel Marcelo Câmara.

+ Plano golpista tratou mortes de autoridades como "danos colaterais aceitáveis", destaca PF

O "Planejamento - Punhal Verde Amarelo" apreendido pela Polícia Federal nas investigações contra militares bolsonaristas, alvos da Operação Contragolpe, desta terça-feira (19), é uma das provas reunidas que indicam que a trama golpista de prisão e até morte do ministro do STF.

"O ministro Alexandre de Moraes estava sendo monitorado, pelo menos, desde novembro de 2022. As atividades anteriores ao evento do dia 15 de dezembro de 2022 indicam que esse monitoramento teve início, temporalmente, logo após a reunião realizada na residência de Walter Braga Netto, no dia 12 de novembro de 2022", trecho de documento da PF da Operação Contragolpe.

O documento "Planejamento - Punhal Verde Amarelo" tem três páginas. Nele há registro de dados sobre o monitoramento do alvo, material e pessoal necessários, locais possíveis, armas, equipamentos, riscos, danos e consequências possíveis para a ação, afirma a PF. No pedido de prisão e buscas e apreensões contra quatro militares e um agente da PF, que estariam envolvidos, a PF fez anotações com interpretações sobre os dados registrados.

O material, segundo a PF, foi impresso em 6 de dezembro de 2022 em impressora no gabinete da Secretaria-Geral da Presidência, pelo general Mario Fernandes, suposto autor do arquivo e então secretário-executivo da pasta.

"O objetivo do grupo criminoso era não apenas 'neutralizar' o ministro Alexandre de Moraes, mas também extinguir a chapa presidencial vencedora, mediante o assassinato do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, conforme disposto no planejamento operacional denominado "Punhal verde amarelo", elaborado pelo general Mario Fernandes", trecho de documento da PF da Operação Contragolpe.

O tópico 1 é o de "Demandas de Rec OP (Levantamentos)" - segundo a PF, "Rec Op" é "Reconhecimento Operacional". Há nele previsão de se obter dados de "Locais de Frequência e Estadia", como trabalho, residência e academia, "Itinerários (Pontos de Controle)" usados, horários, número de seguranças e policiais e os "Danos Colaterais passíveis e aceitáveis".

O tópico 2 do plano, na segunda página, trata sobre "Demandas para a Prep e Condução da Ação (Meios)". Nele estão a lista de armas e equipamentos, como coletes à prova de balas, granadas, número de pessoas e o tempo para a ação - que seria realizada no dia 15 de dezembro.

+ Operação Contragolpe: veja a cronologia dos atos criminosos pró-Bolsonaro, segundo a PF

Para a PF, todo planejamento era acompanhado por Mauro Cid, ex-braço direito de Bolsonaro no Planalto. As ações de "levantamentos iniciais em 'pontos de interesse', relacionados ao ministro" foram feitas por dois militares bolsonaristas e com a "participação" de Mauro Cid e outro assessor direto do então presidente derrotado.

"Pelo que se obteve, (as ações) foram executadas com a ciência e participação de Mauro Cid e Marcelo Câmara, fornecendo detalhes da localização do ministro, mediante a arregimentação de fonte humana, que tinha a cesso a tais dados."

+ Moraes intima Mauro Cid a depor após PF apontar contradições em delação

O tenente-coronel Mauro Cid foi ajudante de ordens de Bolsonaro na Presidência e virou delator. O militar foi ouvido na sede da PF, em Brasília, no mesmo dia da Operação Contragolpe, sobre omissões no que contou na delação - e pode perder benefícios obtidos.

O coronel Marcelo Câmara era assessor especial da Presidência de Bolsonaro e foi preso em fevereiro deste ano na Operação Tempus Veritatis - primeira investida da PF contra militares, nos inquéritos do STF contra os bolsonaristas golpistas.

O tópico 4, na última página documento, lista as "Condições de Execução" do plano. "Viável, com significativas restrições para uma execução imediata!."

"Trata-se, a rigor, de um verdadeiro planejamento com características terroristas, no qual constam descritos todos os dados necessários para a execução de uma operação de alto risco. O plano dispõe de riqueza de detalhes, com indicações acerca do que seria necessário para a sua execução, e, até mesmo, descrevendo a possibilidade da ocorrência de diversas mortes, inclusive de eventuais militares envolvidos", trecho de documento da PF da Operação Contragolpe.

Nesse tópico há detalhes sobre riscos. "Riscos (Danos Colaterais - Muito Alto / Captura - Alto / Baixas - Alto." E menção à execução do alvo e ao plano de reconhecimento em andamento. "Os Rec já estão em curso, com dificuldades relativas, principalmente, ao Comboio de Segurança do Alvo", consta no documento.

+ Entenda o plano, quem são os envolvidos, como seriam as mortes

"Algumas Psb (possibilidades) já foram levantadas para a Aç Pcp (Ação Principal, segundo a PF), entretanto, ainda são necessárias avaliações quanto aos locais viáveis, condições para execução (tiro à curta, média ou longa distância, emprego de munição e/ou artefato explosivo)."

+ "Extremamente preocupante", diz Pacheco sobre plano para assassinar Lula, Moraes e Alckmin

O documento é uma das provas contra os cinco presos na Operação Contragolpe. O general Braga Netto, que foi ministro do governo Bolsonaro e candidato a vice, na tentativa de reeleição em 2022, não foi alvo das buscas. O inquérito, sob relatoria de Moraes no Supremo, deve ser anexado aos demais casos que têm Bolsonaro e aliados como alvos.

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