General suspeito de envolvimento em plano para matar Lula trabalhou em gabinete de Pazuello, ex-ministro de Bolsonaro
Pazuello foi eleito deputado federal em 2022; Mário Fernandes ocupou cargo de natureza especial na Câmara dos Deputados e teve remuneração de mais de R$ 15 mil
Guilherme Resck
O general da reserva Mário Fernandes, um dos suspeitos de orquestrar golpe de Estado e assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que foram presos na Operação Contragolpe nesta terça-feira (19), trabalhou no gabinete do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) na Câmara.
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A informação foi confirmada pelo próprio parlamentar, que atuou como ministro da Saúde no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e foi eleito deputado em 2022. Segundo o congressista, o general trabalhou em seu gabinete como assessor de 28 de março de 2023 a 4 de março deste ano, "quando foi identificado seu impedimento para exercer cargo público".
O portal da Câmara dos Deputados mostra que Mário Fernandes ocupou cargo de natureza especial no gabinete. Em março do ano passado, quando começou a trabalhar, sua remuneração foi de R$ 2.457,45. Depois, de abril de 2023 a janeiro de 2024, teve remuneração de R$ 14.744,74 por mês. Em fevereiro deste ano, recebeu R$ 15.629,42, e em março, R$ 2.083,92.
Pazuello diz que só ficou sabendo da prisão do general e dos outros oficiais por meio da imprensa nesta terça. "O deputado reafirma sua crença nas instituições do país e na idoneidade do general Mário Fernandes, na certeza de que logo tudo será esclarecido", conclui a nota do parlamentar.
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De acordo com o Exército, Mário Fernandes e o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima estavam no Rio de Janeiro para participar de cerimônias de conclusão de cursos de familiares e amigos quando foram presos pela Polícia Federal.
Fernandes foi comandante de Operações Especiais do Exército. No governo Bolsonaro, foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e chegou a ser ministro de forma interina.
Um documento elaborado por ele listava armamentos pesados na ação golpista para assassinar o então presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
As investigações apontam ainda que Mário Fernandes teria atuado no "planejamento, coordenação e execução" do plano golpista, batizado de "Punhal Verde e Amarelo".