Bolsonaro diz que Cid foi "torturado" durante delação
Ex-presidente foi entrevistado pelo Leo Dias TV, canal do apresentador do SBT no Youtube, e voltou a falar que atos de 8 de janeiro foram "armados"
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Yumi Kuwano
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o tenente-coronel e seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid, foi “torturado” após a divulgação dos vídeos da delação premiada, conduzida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, parte das investigações do plano de golpe de Estado.
A declaração foi dada durante entrevista nesta terça-feira (25) ao Leo Dias TV, canal do apresentador do SBT no Youtube. Bolsonaro ainda disse que se coloca no lugar de Cid e não vai atacá-lo.
“Ele foi torturado. O vídeo, se você ver… o que é, pela lei, uma delação premiada? Você começa a firmar a sua qualificação e termina a filmagem quando tá encerrado. Meus advogados pediram [acesso], ele esteve 11 vezes depondo, pedimos todos os vídeos do começo ao fim, sem cortar. Em todos esses vídeos, você vê o ‘dono do inquérito’ falando: ‘Você tem um pai, uma mãe, uma filha’, tortura, tortura psicológica”, disse o ex-presidente denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
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O Supremo Tribunal Federal e a Polícia Federal disseram que não vão comentar as declarações de Jair Bolsonaro.
O ex-presidente voltou a falar que os atos antidemocráticos do 8 de janeiro de 2023 foram "armados" pela esquerda.
"O 8 de janeiro foi programado pela esquerda. Você tem imagens do pessoal quebrando lá dentro, mas não quando entrou a turma. Imprensa só mostrava imagem de um magrinho derrubando relógio e tentando derrubar câmera. O governo dizia que não tinha mais imagem, mas pouco tempo depois apareceram mais imagens", acusou.
Além disso, o ex-chefe do Executivo afirmou que foram estudadas as hipóteses para decretar estado de sítio — instrumento que pode ser utilizado pelo presidente em casos extremos, como uma guerra — após o TSE determinar multa ao seu partido, por questionar o resultado das eleições de 2022.
Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas foram denunciadas pela PGR por tentativa de golpe de Estado para se manter no poder após as eleições, que deram a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).