Trump publica decreto que suspende vistos para novos estudantes estrangeiros de Harvard
Presidente acusou universidade de facilitar a entrada de 'adversários estrangeiros' nos EUA e formar parcerias

Camila Stucaluc
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto para impedir que a universidade de Harvard admita novos estudantes estrangeiros. A medida, publicada na quarta-feira (4), proíbe a entrada de qualquer novo aluno da faculdade com visto de não imigrante de categorias F, M ou J no país, e instrui o Secretário de Estado a conseguir a revogação dos vistos já existentes.
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O decreto não se aplica a estudantes estrangeiros que frequentam outras universidades dos Estados Unidos por meio do Programa de Visto de Intercâmbio Estudantil (SEVP). Também estão isentos da medida alunos estrangeiros cuja entrada no país é considerada de interesse nacional.
Segundo Trump, a ordem é necessária por questões de segurança nacional. No decreto, o presidente citou que o Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) alerta que, há tempo, concorrentes estrangeiros "se aproveitam do fácil acesso ao ensino superior americano” para roubar informações técnicas, explorar pesquisas em desenvolvimento e disseminar informações falsas.
Trump também apontou para a parceria de Harvard com adversários estrangeiros, mencionando a China. "Harvard desenvolveu extensos envolvimentos com adversários estrangeiros, recebendo mais de US $ 150 milhões apenas da China. Em troca, recebeu membros do Partido Comunista Chinês e fez parceria com indivíduos em pesquisas que poderiam promover a modernização militar da China.”
Sem citar dados oficiais, o republicano ainda afirmou que as taxas de criminalidade em Harvard, incluindo de crimes violentos, aumentaram de forma drástica nos últimos anos. Tais práticas costumam ser associadas pelo presidente à entrada de migrantes nos Estados Unidos.
“Harvard não forneceu informações suficientes ao Departamento de Segurança Interna (DHS) sobre atividades ilegais ou perigosas conhecidas de estudantes estrangeiros, relatando dados deficientes sobre apenas três alunos. Harvard não está relatando totalmente seus registros disciplinares para estudantes estrangeiros ou não está policiando seriamente seus alunos estrangeiros”, pontuou.
A Universidade de Harvard vem sendo alvo do governo Trump desde abril, quando se recusou a acatar as exigências do presidente. Justificando o combate ao antissemitismo, o republicano pediu a eliminação de programas de diversidade, equidade e inclusão, reformas na contratação e admissão, redução do poder de professores e denúncia de estudantes estrangeiros "hostis aos valores americanos".
A reação da instituição foi condenada pelo Departamento de Educação, que anunciou o congelamento de US$ 2,2 bilhões em subsídios federais à universidade. Pouco tempo depois, Trump proibiu a instituição de matricular estudantes estrangeiros, mas a decisão foi bloqueada por uma juíza federal após a faculdade processar o governo. Em resposta, agora, o republicano cancelou os vistos dos estudantes.
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Em nota anterior, Harvard já havia criticado a suspensão dos vitos estudantis, classificando a medida como ilegal e uma violação dos direitos da universidade protegidos pela Primeira Emenda da Constituição. "Com um golpe de caneta, o governo tenta apagar um quarto do corpo estudantil de Harvard, estudantes internacionais que contribuem significativamente para a universidade e sua missão", disse.