Departamento de Educação dos EUA fecha cerco à Columbia sob alegação de antissemitismo
Universidade norte-americana é um dos principais palcos de protestos estudantis contra a guerra na Faixa de Gaza

Vicklin Moraes
Em mais um capítulo do embate entre o governo de Donald Trump e as universidades dos Estados Unidos, o Departamento de Educação declarou nesta quarta-feira (4) que a Universidade Columbia violou leis federais antidiscriminatórias ao tolerar, em 2024, manifestações supostamente antissemitas em seu campus.
Segundo a pasta, a instituição teria infringido o Título VI da Lei dos Direitos Civis de 1964, que proíbe qualquer entidade que receba financiamento federal de praticar discriminação com base em raça, cor ou origem nacional.
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A secretária de Educação dos EUA, Linda McMahon, afirmou que a administração da universidade demonstrou "indiferença deliberada" diante de denúncias de assédio contra estudantes judeus.
Em comunicado à imprensa, o Departamento de Educação informou que irá notificar a Middle States Commission on Higher Education (MSCHE), responsável pelo credenciamento de instituições de ensino superior. Se a comissão confirmar a violação, Columbia poderá ter seu credenciamento comprometido — o que afetaria o recebimento de recursos federais.
“As agências credenciadoras têm grande responsabilidade pública como guardiãs do acesso aos recursos federais. Elas decidem quais instituições podem receber empréstimos estudantis e bolsas, como a Pell Grant. Assim como o Departamento de Educação deve garantir o cumprimento das leis federais, os credenciadores precisam assegurar que suas instituições associadas estejam em conformidade com essas normas”, disse McMahon.
Procurada pela agência Reuters, a Universidade Columbia não se manifestou. Um porta-voz da MSCHE confirmou o recebimento de uma carta do Departamento de Educação, mas disse que a organização não comentaria o caso.
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Crise entre Trump e universidades se intensifica
A tensão entre a Casa Branca e instituições de ensino superior tem aumentado. No mês passado, a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, exigiu que universidades entregassem registros de estudantes estrangeiros supostamente envolvidos em atos violentos ou protestos. Harvard se recusou a cumprir a ordem. Como resposta, o governo Trump revogou a certificação que permite à universidade matricular estudantes internacionais. A decisão foi suspensa pela juíza federal Allison Burroughs, mas a Casa Branca pode recorrer.
Em 2024, a Universidade Columbia se tornou um dos principais focos de protestos estudantis contra a guerra na Faixa de Gaza, a destruição promovida por Israel em território palestino e o apoio dos Estados Unidos ao seu aliado histórico no Oriente Médio. Durante as manifestações, estudantes palestinos chegaram a ser detidos, entre eles Mohsen Mahdawi, libertado em 30 de abril.

Sob pressão do governo federal, Columbia cedeu e autorizou operações de detenção em seu campus. A universidade também aceitou reestruturar seu departamento de estudos sobre o Oriente Médio como condição para reaver US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) em recursos federais bloqueados pela gestão Trump.
Harvard, por sua vez, manteve sua posição e teve cortados US$ 2,2 bilhões (R$ 12,8 bilhões) em subsídios anuais e outros US$ 60 milhões (R$ 350,5 milhões) em contratos de longo prazo com o governo.