Universitário palestino é solto após ser preso em entrevista de visto nos EUA
Mohsen Mahdawi estava detido desde 14 de abril; ele é estudante da Columbia e realizava protestos na universidade

SBT News
A Justiça dos Estados Unidos soltou nesta quarta-feira (30) o estudante palestino Mohsen Mahdawi, que havia sido detido por agentes de imigração durante uma entrevista para concluir seu processo de cidadania no país. O estudante foi solto mediante fiança e poderá contestar as tentativas do governo Trump de deportá-lo por sua participação em protestos pró-palestinos, enquanto segue em liberdade.
Mahdawi foi detido no dia 14 de abril. O palestino é residente legal permanente com green card desde 2015. Na época, ele foi levado a um local desconhecido por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) ao comparecer a um escritório de imigração em Vermont, onde esperava ser entrevistado para finalizar seu processo de cidadania norte-americana, segundo seus advogados.
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Residente legal no país há 10 anos, Mahdawi ganhou destaque por liderar protestos contra a guerra em Gaza no campus da Universidade Columbia, onde cofundou a União de Estudantes Palestinos. Após a decisão judicial, ele deixou o tribunal sob aplausos de apoiadores, entoando palavras de ordem como “Sem medo” e “Palestina livre”.
De acordo com registros judiciais, Mahdawi nasceu em um campo de refugiados na Cisjordânia ocupada por Israel e se mudou para os Estados Unidos em 2014. Os protestos que organizou na Universidade Columbia aconteceram até março deste ano.
" Nunca desistam da ideia de que a justiça vai prevalecer. O mundo inteiro está nos observando. O que acontecer nos Estados Unidos vai impactar o restante do mundo”, declarou Mahdawi.
Segundo o governo norte-americano, a detenção é “constitucionalmente válida” e faz parte do processo legal de deportação. A acusação se baseia em uma decisão do Secretário de Estado, Marco Rubio, que considerou que a presença e as atividades de Mahdawi poderiam trazer “sérias consequências para a política externa dos EUA”.
Apesar de o governo poder recorrer da decisão, o juiz Geoffrey Crawford autorizou Mahdawi a deixar o estado de Vermont para participar da cerimônia de formatura da Universidade Columbia, marcada para o próximo mês. Ele concluiu recentemente a graduação e pretende iniciar um mestrado na instituição ainda este ano.
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A defesa do estudante alega que a prisão foi motivada por retaliação à sua atuação em defesa dos direitos humanos dos palestinos. Na saída do tribunal, Mahdawi deixou uma mensagem direta ao ex-presidente Donald Trump e aos integrantes de seu gabinete: "Não tenho medo de vocês. Se não há medo, com o que ele é substituído? Amor. O amor é o nosso caminho".
* com informações da Associated Press