Publicidade

Por que Macron dissolveu parlamento da França após eleições europeias? Entenda

Presidente reagiu a fortalecimento da oposição na votação para o Parlamento Europeu

Por que Macron dissolveu parlamento da França após eleições europeias? Entenda
Emmanuel Macron, presidente da França | Reprodução
Publicidade

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou neste domingo (9) a dissolução do parlamento francês e a antecipação das eleições legislativas no país, agora marcadas para os dias 30 de junho e 7 de julho.

A decisão se tornou pública em meio à conclusão da votação para o Parlamento Europeu, pleito que impôs uma derrota ao político.

Eleições europeias

Resultados divulgados pela União Europeia na noite de domingo, durante a apuração, mostravam o "Rassemblement National" ("União Nacional", em tradução livre), partido de extrema direita, com 31,5% dos votos, contra 14,5% da coalizão de Macron, de centro.

O gráfico abaixo, com base nessa mesma etapa da apuração, mostra o avanço da extrema direita no continente.

Gráfico mostra distribuição de assentos por grupo político no Parlamento Europeu, com resultados deste domingo (9) | Reprodução/UE

A União Nacional tem como principal liderança a ex-parlamentar Marine Le Pen, uma das principais opositoras do presidente, que foi derrotada por ele nas eleições de 2022 e comemorou os resultados desta eleição, que uma análise publicada pela agência Associated Press classificou como "humilhantes" para Macron.

"Eu ouvi suas mensagens e preocupações, e não as deixarei sem resposta", disse o presidente, ao reconhecer a derrota a nível europeu e fazer o anúncio em reação, conforme interpretaram analistas internacionais.

Macron pode fazer isso?

O 12º artigo da Constituição francesa diz que o presidente tem o poder de, após consultar o primeiro-ministro e os presidentes das assembleias, pronunciar a dissolução do parlamento nacional -- o que não altera a eleição dos eurodeputados.

"Nos padrões europeus, isso não é algo irregular e nem sequer inesperado. Não fere nenhuma das prerrogativas constitucionais e já ocorreu outras vezes no continente. Na prática, ele promove uma antecipação das eleições legislativas", disse ao SBT News Victoriana Gonzaga, advogada especializada em direito internacional e professora da FIA-SP (Fundação Instituto de Administração).

Em maio, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, tomou essa mesma decisão e antecipou o pleito local para 4 de julho. Nos últimos anos, outros chefes de Estado também tomaram essa decisão, normalmente em contextos de crises políticas locais.

"Assim como o Legislativo pode abrir um processo e determinar o impeachment do chefe do Executivo, o presidente tem essa prerrogativa com relação aos parlamentares", concluiu a advogada.

O que acontece agora?

A decisão do presidente é constitucional e, portanto, o sistema eleitoral do país vai se organizar para promover as eleições nas datas anunciadas por ele: 30 de junho e 7 de julho.

"Macron reconheceu a derrota, porque as urnas refletiram uma força dobrada da oposição em relação a seu grupo. Sua tentativa é de mobilizar a própria base eleitoral em resposta a esses resultados", disse Victoriana Gonzaga.

Essa reação, no entanto, não dá ao político a garantia de que os resultados adversos não se reproduzam nessas votações e a extrema direita se fortaleça também no Legislativo nacional.

"Isso depende da proporção de eleitores. As eleições para o Parlamento Europeu comumente registram baixo índice de participação da população, e podem não indicar um movimento político geral", afirmou Victoriana Gonzaga.

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

Parlamento Europeu
França
Emmanuel Macron
Europa
Entenda

Últimas notícias

Arrastões no Rio: criminosos assaltam motoristas e trocam tiros com a PM em duas ações simultâneas; veja vídeo

Arrastões no Rio: criminosos assaltam motoristas e trocam tiros com a PM em duas ações simultâneas; veja vídeo

Gravações flagraram ação de grupo armado que fechou duas vias da cidade, deixando motoristas e passageiros em pânico; tiros podem ser ouvidos
Moraes permite que Anderson Torres saia de casa para cuidar da mãe com câncer

Moraes permite que Anderson Torres saia de casa para cuidar da mãe com câncer

Usando tornozeleira eletrônica, ex-ministro de Bolsonaro era obrigado a ficar em casa à noite e aos finais de semana; medida cautelar foi flexibilizada
Braga Netto: "Nunca se tratou de golpe e muito menos de plano de assassinar"

Braga Netto: "Nunca se tratou de golpe e muito menos de plano de assassinar"

General foi indiciado pela PF, junto com o ex-presidente Bolsonaro, acusado de envolvimento em tentativa de golpe após vitória de Lula
65% dos brasileiros defendem a proibição das bets, mostra Datafolha

65% dos brasileiros defendem a proibição das bets, mostra Datafolha

No caso dos cassinos online, como o popular "jogo do tigrinho", a rejeição é ainda maior: 78% dos entrevistados
Três torcedores são presos na Espanha por racismo contra Raphinha e Yamal, do Barcelona

Três torcedores são presos na Espanha por racismo contra Raphinha e Yamal, do Barcelona

Apoiadores do Real Madrid fizeram gestos e xingamentos racistas contra jogadores do clube catalão, que goleou merengues no Santiago Bernabéu
Homem que ateou fogo em ônibus embarcou de forma clandestina

Homem que ateou fogo em ônibus embarcou de forma clandestina

Ele não constava na lista de passageiros do ônibus e foi preso preventivamente, segundo a Secretaria de Segurança Pública
Milei acusa vice de se aproximar da esquerda e diz que ela não participa do governo

Milei acusa vice de se aproximar da esquerda e diz que ela não participa do governo

Presidente argentino expõe racha com Victoria Villarruel, que vem de família de militares e nega crimes da ditadura no país
Morre Juan Arias Martínez, escritor e jornalista espanhol, aos 92 anos

Morre Juan Arias Martínez, escritor e jornalista espanhol, aos 92 anos

Autor trabalhou como colunista e correspondente do jornal El País em Roma e no Vaticano; ele era marido da também escritora Roseana Murray
Passageiro ateia fogo em ônibus com 40 pessoas após se trancar no banheiro

Passageiro ateia fogo em ônibus com 40 pessoas após se trancar no banheiro

Durante o tumulto, o suspeito conseguiu fugir, mas foi localizado horas depois em um posto de gasolina; ninguém ficou ferido
Deputado propõe que agronegócio pare de fornecer carnes ao Carrefour no Brasil

Deputado propõe que agronegócio pare de fornecer carnes ao Carrefour no Brasil

Presidente de frente do agro, Pedro Lupion (PP-PR) defende retaliação ao recente boicote da rede francesa à produção do Mercosul
Publicidade
Publicidade