Macron recusa nomeação de primeira-ministra indicada pela esquerda
Presidente francês disse que só tomará decisão após Jogos Olímpicos
O presidente da França, Emmanuel Macron, recusou, nesta terça-feira (23), a nomeação de Lucie Castets para o cargo de primeira-ministra do país, que está vago desde a renúncia de Gabriel Attal, na última semana.
A economista, de 37 anos, foi indicada, após 16 dias de negociação, pela Nova Frente Popular (NFP), coalizão de esquerda que saiu vitoriosa das eleições legislativas na França, no início de julho.
Em pronunciamento, Macron reforçou que ele dará a palavra final sobre quem será o próximo primeiro-ministro e disse que a decisão só vai acontecer depois dos Jogos Olímpicos de Paris, que começam na quinta-feira (25) e seguem até o dia 11 de agosto.
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“Até meados de agosto, temos que nos concentrar nos Jogos [Olímpicos] e, a partir de então, em função da evolução destas discussões, caberá a mim nomear um primeiro-ministro”, afirmou Macron.
Eleições legislativas
No dia 9 de junho, Emmanuel Macron anunciou que iria antecipar as eleições legislativas na França, que estavam previstas para acontecer somente em 2027. A intenção era frear o avanço da extrema-direita, que havia acabado de vencer o pleito do Parlamento Europeu.
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Em dois turnos, 30 de junho e 7 de julho, os franceses foram às urnas para eleger representantes à Assembleia Nacional.
A NFP, composta por partidos ligados à esquerda, surpreendeu ao eleger a maior bancada, com 193 deputados. Logo depois apareceu o bloco centrista liderado por Macron, com 164 parlamentares. Já a coalizão da extrema-direita, liderada por Marine Le Pen, terminou com 143 cadeiras.
Apesar da vitória, a NFP não obteve maioria absoluta, de 289 deputados, o que daria ao grupo o poder de indicar o novo primeiro-ministro, sem que fosse necessário passar pelo crivo de Macron.
Renúncia
Gabriel Attal e seu governo renunciaram no dia 16 de julho. Ele já havia sinalizado que deixaria o cargo após a vitória da Nova Frente Popular nas eleições legislativas.
Apesar da renúncia, Attal e sua equipe seguem como interinos até que Macron nomeie o substituto. A medida ocorre, excepcionalmente, para que o presidente francês possa tomar uma decisão somente após as Olimpíadas.