Bloqueio de Israel mata bebê de seis semanas e outras 14 pessoas de fome na Faixa de Gaza
Identificado como Yousef al-Safadi, o bebê morreu em uma enfermaria no norte do enclave palestino; ONU pede que Israel libere entrada de fórmula infantil

SBT News
com informações da Reuters
Um bebê de apenas seis semanas está entre as 15 pessoas que morreram de fome na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, disseram as autoridades de saúde locais, com a desnutrição causada pelo bloqueio de Israel matando os palestinos mais rapidamente do que em qualquer outro momento da guerra em curso há 21 meses.
O bebê, identificado como Yousef al-Safadi, morreu em uma enfermaria no norte de Gaza. Entre as vítimas também estão três outras crianças, incluindo Abdulhamid al-Ghalban, de 13 anos, que morreu em um hospital em Khan Younis, no sul. As outras duas crianças não tiveram seus nomes divulgados.
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As autoridades de saúde palestinas informaram que, até o momento, pelo menos 101 pessoas morreram de fome durante o conflito, sendo 80 crianças.
Israel mantém o controle de todos os suprimentos de ajuda para o território, onde a população enfrenta deslocamentos frequentes e escassez extrema de itens básicos.
O chefe da agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, afirmou nesta terça-feira (22) que profissionais de saúde e trabalhadores humanitários estão desmaiando em serviço devido à fome e à exaustão.
"Ninguém é poupado: os cuidadores em Gaza também estão precisando de cuidados. Médicos, enfermeiras, jornalistas e trabalhadores humanitários estão famintos", declarou.
Apesar da condenação internacional pelas mortes de civis e pela falta de ajuda humanitária, ainda não houve ações que interrompessem o conflito ou aumentassem significativamente o envio de suprimentos.
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou como "insuportáveis" as imagens de civis mortos durante a distribuição de ajuda em Gaza e cobrou que Israel cumpra as promessas de melhorar a situação. No entanto, não anunciou medidas concretas por parte dos países europeus.
Khalil al-Deqran, porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, informou que os hospitais estão sobrecarregados e têm capacidade limitada para tratar sintomas de fome, como desidratação e anemia, devido à falta de alimentos e medicamentos.
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Ele estima que 600 mil pessoas estejam sofrendo de desnutrição, incluindo cerca de 60 mil gestantes. A fórmula infantil está entre os itens em situação mais crítica, segundo médicos, grupos de ajuda e moradores.
A busca por alimentos em Gaza se tornou uma atividade de risco, com a UNRWA estimando que mais de mil pessoas morreram desde maio tentando receber ajuda alimentar. Na terça, homens e meninos foram vistos carregando sacos de farinha entre os escombros e tendas improvisadas na Cidade de Gaza.
"Não comemos há cinco dias", disse Mohammed Jundia. "A fome está matando as pessoas."
De acordo com dados militares israelenses, uma média de 146 caminhões de ajuda tem entrado diariamente em Gaza durante a guerra. No entanto, os Estados Unidos estimam que são necessários ao menos 600 caminhões por dia para atender às necessidades da população.
Nessa segunda (21), 25 países da União Europeia divulgaram uma declaração condenando o que chamaram de "matança desumana" de civis em Gaza. Apesar disso, nenhuma ação concreta foi anunciada contra Israel.