Taxação de Trump é desaprovada por 60% dos americanos, diz pesquisa
População defende que governo deveria se concentrar mais em conter a inflação do país

Camila Stucaluc
A maioria dos norte-americanos não apoia as tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump a outros países. É o que revela uma pesquisa do instituto YouGov, realizada para a CBS. Segundo os dados, as medidas são desaprovadas por 60% da população, que defende que o governo deveria se concentrar em conter o aumento dos preços no país.
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No geral, dos 2.343 entrevistados, 61% afirmam que o governo Trump está priorizando demais a imposição de tarifas, 33% que está focando “na medida certa” e 5%, que deveria focar mais ainda. Ao mesmo tempo, 70% acham que o governo Trump não está se concentrando o suficiente para baixar os preços, enquanto 24% dizem que o foco está “na medida certa” e 6%, que está focando demais no tema.
Com isso, quase dois terços dos entrevistados (64%) disse desaprovar a forma como Trump está lidando com a inflação — maior percentual desde janeiro, quando o republicano assumiu a Casa Branca. Em março, esse número estava em 54%, passando para 61% em junho. Atualmente, apenas 36% aprovam o trabalho do governo em relação à inflação.
O descontentamento da população com a economia fez a aprovação geral de Trump cair mais uma vez, chegando a 42% – similar ao primeiro mandato do republicano, em 2017. No início do ano, o percentual estava acima de 50%.
Entenda
Em abril, Trump anunciou novas tarifas comerciais para 185 territórios, justificando a medida como forma de “reduzir a dívida nacional e reequilibrar o comércio global”. Dias depois, o republicano recuou e pausou por 90 dias a implementação das taxas, mantendo um imposto universal de 10% aos países.
O objetivo da prorrogação era negociar com as nações para chegar a novos acordos comerciais. Foi o caso da China, com quem Trump havia iniciado uma guerra comercial devido à elevação das tarifas de importação. As duas maiores economias do mundo chegaram a anunciar alíquotas aplicadas sobre os produtos uma da outra para mais de 200%.
A previsão é que as tarifas entrem em vigor no dia 1º de agosto. Enquanto isso, Trump vem divulgando cartas endereçadas aos países com as novas tarifas e com as possíveis consequências em caso de retaliação. Um dos últimos alvos do presidente foi o Brasil, taxado em 50%.
No documento enviado à Brasília, Trump disse que a decisão buscava “corrigir as graves injustiças do sistema” comercial atual. Ele também associou a medida ao que considera “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – réu no inquérito sobre tentativa de golpe de Estado em 2022.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já rebateu a medida, dizendo ser falsa a informação de que a economia norte-americana está em desvantagem no comércio entre os países e que as decisões judiciárias brasileiras cabem somente ao Brasil. O líder chegou a defender novas negociações, mas garantiu uma resposta baseada na Lei da Reciprocidade — que permite que o país adote medidas comerciais contra países que impuserem barreiras ou tarifas que afetem produtos nacionais.