Antes do roubo, senha do sistema de vigilância do Museu do Louvre era “Louvre”, revela auditoria
Relatórios mostram que a administração usava senhas simples e sistemas desatualizados em áreas críticas de segurança

Caroline Vale
Documentos de auditorias privadas revelam que o Museu do Louvre ignorava falhas graves em seus sistemas de segurança muito antes do assalto de 19 de outubro. Entre os problemas mais alarmantes, está o uso de senhas fracas, como a palavra “Louvre” para acessar o sistema de videomonitoramento.
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Os relatórios, obtidos pelo grupo CheckNews e divulgados pelo jornal francês Libération, mostram que vulnerabilidades tecnológicas vinham sendo relatadas há pelo menos uma década. Softwares de segurança estariam sem atualização há anos, oito deles ligados diretamente à vigilância e ao controle de acesso, segundo a análise.
Um desses programas é o Sathi, desenvolvido pela Thales e adquirido em 2003 para supervisionar as câmeras internas. Segundo documentos técnicos, o sistema deixou de ser mantido pela empresa em 2019 e continuava operando em um servidor com Windows Server 2003, descontinuado pela Microsoft desde 2015.
Em alguns casos, as senhas usadas para entrar em sistemas críticos eram tão simples quanto “LOUVRE” ou “THALES”, segundo a Agência Nacional de Segurança dos Sistemas de Informação (ANSSI).
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Investigações
Diante das revelações, a ministra da Cultura, Rachida Dati, admitiu pela primeira vez que “houve falhas de segurança” e prometeu instalar novos dispositivos anti-intrusão até o fim do ano.
Enquanto isso, a polícia francesa tenta esclarecer o roubo das joias da coroa, avaliadas em cerca de US$ 102 milhões. Quatro suspeitos já foram presos. As joias roubadas ainda não foram recuperadas. Segundo a promotoria de Paris, o grupo agiu como amadores, não como criminosos profissionais.
"Não se trata exatamente de delinquência cotidiana... mas é um tipo de delinquência que geralmente não associamos aos altos escalões do crime organizado", disse a promotora de Paris Laure Beccuau à rádio Franceinfo.
A investigação aponta que os ladrões usaram um elevador de mudanças para alcançar o segundo andar do museu, quebraram vitrines e fugiram em scooters em menos de sete minutos. A coroa da Imperatriz Eugênia, uma das peças mais valiosas, chegou a cair durante a fuga, reforçando a tese de que a operação foi improvisada.







