Alemanha e Espanha pedem que UE apoie acordo comercial com Mercosul enquanto França resiste
Pacto de livre comércio vem sendo elaborado há 25 anos e seria o maior da União Europeia em termos de cortes tarifários


Reuters
O chanceler alemão Friedrich Merz e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez pediram aos líderes da União Europeia nesta quinta-feira (18) que apoiem um pacto de livre comércio com o bloco Mercosul, mas o presidente francês Emmanuel Macron insistiu que o acordo ainda não está pronto.
O acordo comercial com o Mercosul, que vem sendo elaborado há cerca de 25 anos, seria o maior da UE em termos de cortes tarifários.
Alemanha, Espanha e países nórdicos afirmam que o acordo ajudará as exportações atingidas pelas tarifas dos Estados Unidos e reduzirá a dependência da China, fornecendo acesso a minerais.
"Esse acordo comercial é o primeiro de muitos que devem vir para que a Europa ganhe peso geoeconômico e geopolítico em um momento em que está sendo questionada por adversários claros, como (o presidente russo Vladimir) Putin, ou mesmo por aliados tradicionais", disse Sánchez.
"Se a União Europeia quiser manter a credibilidade na política comercial global, as decisões devem ser tomadas agora", acrescentou Merz, que está em Bruxelas para uma cúpula com foco na Ucrânia.
Críticos do pacto, no entanto, temem que commodities baratas inundem o mercado em detrimento dos produtores europeus.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, está pronta para viajar ao Brasil para assinar o acordo concluído no ano passado com o bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
No entanto, ela precisa do apoio dos governos do bloco e não está claro se haverá a maioria necessária de 15 países – que representam 65% da população da União Europeia.
Polônia e Hungria se opõem enquanto França e Itália estão preocupadas com o impacto sobre os agricultores do aumento das importações de carne bovina, açúcar, aves e outros produtos.
"Não estamos prontos", diz Macron
A França é o maior produtor de carne bovina da União Europeia. "Neste momento, não estamos prontos; os números não batem para assinar esse acordo", disse Macron, acrescentando que a França estava trabalhando com Polônia, Bélgica, Áustria e Irlanda para forçar um adiamento.
Parlamentares e governos da UE chegaram a um acordo provisório na quarta-feira sobre as salvaguardas destinadas a limitar as importações de produtos agrícolas sensíveis, como carne bovina ou açúcar, e a suavizar a oposição. A Comissão Europeia também deve emitir uma declaração comprometendo-se a garantir padrões de produção alinhados.
No entanto, Macron disse que é preciso haver reciprocidade, de modo que, por exemplo, culturas pulverizadas com pesticidas proibidos na UE não possam ser importadas.
Do lado de fora, cerca de 150 tratores se reuniam em Bruxelas enquanto os líderes se encontravam, a maioria bloqueava a via principal que saía do local da cúpula, outros em frente ao Parlamento Europeu, onde alguns agricultores soltaram fogos de artifício ou atiraram batatas na polícia.
"Por que importar açúcar do outro lado do mundo quando produzimos o melhor aqui mesmo? Parem o Mercosul", dizia uma placa em um trator.
(Reportagem de Philip Blenkinsop, Inti Landauro, Benoit Van Overstraeten, Louise Breusch Rasmussen; reportagem adicional de Angeliki Koutantou em Atenas)









