Publicidade

STF deve julgar nesta quarta (11) se polícia e MP devem ter acesso a dados de suspeitos sem autorização judicial

Entre outras ações sobre mecanismos a serem adotados em casos criminais, lei que libera informações telefônicas e bancárias é contestada na Corte

STF deve julgar nesta quarta (11) se polícia e MP devem ter acesso a dados de suspeitos sem autorização judicial
Celular | Divulgação/Tânia Rêgo/Agência Brasil
Publicidade

A pauta de julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quarta-feira (11) concentra ações sobre mecanismos a serem adotados em casos criminais. Uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI Nº 4.906) contesta se autoridades policiais e Ministério Público devem ter acesso a dados telefônicos e cadastrais de investigados em crimes de lavagem de dinheiro sem autorização judicial. Pedido inclui informações mantidas por empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet, administradoras de cartão de crédito e Justiça Eleitoral.

+ Dino determina que governo envie mais bombeiros para combater incêndios no país

Trata-se de um pedido de reconhecimento inconstitucional (que fere direitos) da Associação Brasileira de Concessionárias de Serviço Telefônico Fixo Comutado (Abrafix).

A instituição alega que, ao tirar da responsabilidade do poder Judiciário a análise de "necessidade, razoabilidade e justificação" dos procedimentos, a lei (nº 9.613 de 1998, artigo 17-B) "colocou em rota de colisão o direito à privacidade dos usuários", ferindo "seriamente a esfera de proteção individual constitucionalmente assegurada".

O pedido é que se reconheça a necessidade de aval jurídico para investigações criminais terem acesso acesso aos dados — via quebra de sigilo telefônico, bancário e telemático (informação que tem existência digital e que se gera e se armazena pelo uso da internet, como mensagens).

A ação justifica que as empresas detentoras desses estão sob regimento legal de proteção, este exige "a necessidade de autorização judicial para seu fornecimento".

A ação é relatada pelo ministro Nunes Marques, que, em sessão do plenário virtual, reconheceu que a Abrafix não tem autoridade para representar bancos, provedores de internet e administradoras de crédito. Assim, o analisado seria apenas referente a informações telefônicas.

Nesse sentido, considerou que "dados cadastrais não estão acobertados pelo sigilo". "Logo, o seu compartilhamento com os órgãos de persecução penal para efeito de investigação criminal independe de autorização da Justiça", votou o magistrado e relator, em 2021.

+ 'A parte política passou, agora terá direito a ampla defesa', diz Barroso sobre Silvio Almeida

Em outras palavras, Nunes Marques votou pela constitucionalidade do artigo da Lei de Lavagem de Dinheiro, que permite que autoridades, como a polícia e o Ministério Público, acessem dados cadastrais de cidadãos (nome, endereço, filiação) sem autorização judicial.

Ele argumentou que esses dados são objetivos e fornecidos pelo próprio usuário, não estando protegidos pelo sigilo constitucional que protege a intimidade e privacidade. Dados cadastrais não são sigilosos porque, em geral, não violam a integridade moral do indivíduo. Assim, o acesso a eles facilita investigações criminais.

Nunes Marques foi acompanhado pelos ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso, também presidente do STF, e Luiz Fux. Já Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Edson Fachin e os magistrados aposentados Rosa Weber e Marco Aurélio Mello divergiram.

O pedido de destaque, quando a pauta vai para o plenário físico, foi solicitado pelo próprio relator, Nunes Marques.

Outras pautas sobre procedimentos em casos criminais

+ Execução imediata da pena em condenação por júri popular mesmo que ainda possa recorrer em outras instâncias. Trata-se de um caso com repercussão geral, ou seja, será estabelecida uma tese a ser aplicada em todos os casos semelhantes. Júri popular avalia crimes dolosos contra a vida, como o homicídio, tem como princípio a soberania dos veredictos, o que significa que a decisão dos jurados não pode ser alterada por recursos;

+ Aplicação retroativa do acordo de não-persecução penal (ANPP), um mecanismo criado pelo pacote anticrime de 2019, que vale para que acusados de crimes sem violência ou ameaça, com pena mínima de 4 anos, confessem seus delitos em troca de medidas alternativas à prisão. O colegiado já formou maioria para admitir a aplicação dos acordos de não persecução penal em processos iniciados antes de sua criação e, agora, definirão limites e tese a ser aplicada.

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

Justiça Federal
STF
Crime
Lavagem de Dinheiro
Justiça

Últimas notícias

Mega-Sena acumula e chega a R$ 55 milhões; veja os números sorteados

Mega-Sena acumula e chega a R$ 55 milhões; veja os números sorteados

A quina teve 88 apostas ganhadoras, que vão receber mais de R$ 37 mil cada
Homem causa acidente fatal e tenta fugir a pé em Niterói (RJ)

Homem causa acidente fatal e tenta fugir a pé em Niterói (RJ)

Motorista tentou fugir com um cachorro no colo, mas foi detido pela polícia
Candidatos à Prefeitura de São Paulo comentam pesquisa eleitoral do Datafolha

Candidatos à Prefeitura de São Paulo comentam pesquisa eleitoral do Datafolha

Líderes na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal repercutiram os números da pesquisa
Reclamações contra planos de saúde quadruplicam em 5 anos, indica levantamento da ANS

Reclamações contra planos de saúde quadruplicam em 5 anos, indica levantamento da ANS

Planos são denunciados por atrasos em cirurgias de urgência - queixas por procedimentos negados aumentaram 200%
Conselho Tutelar acompanhava menina encontrada morta em lixeira no RS desde 2023

Conselho Tutelar acompanhava menina encontrada morta em lixeira no RS desde 2023

Inquérito revela que Kerollyn Ferreira estava em acompanhamento psicossocial, mas tratamento foi abandonado
Condenados pelo Tribunal do Júri deverão ser presos imediatamente, decide STF

Condenados pelo Tribunal do Júri deverão ser presos imediatamente, decide STF

Tese defendida por seis ministros deve começar a valer nos próximos dias
Marco temporal: Pensei que Congresso não teria coragem de manter, diz Lula

Marco temporal: Pensei que Congresso não teria coragem de manter, diz Lula

Presidente participou de cerimônia em comemoração ao retorno de manto Tupinambá ao Brasil
Cristiano Ronaldo bate 1 bilhão de seguidores e se torna primeiro jogador a atingir marca

Cristiano Ronaldo bate 1 bilhão de seguidores e se torna primeiro jogador a atingir marca

A marca o tornou o primeiro jogador de futebol da história a alcançar esse número de seguidores
Lula promete tirar ocupantes de área indígena em celebração ao retorno do manto Tupinambá ao Brasil

Lula promete tirar ocupantes de área indígena em celebração ao retorno do manto Tupinambá ao Brasil

Comitiva Tupinambá com 170 pessoas veio da Bahia para se encontrar com o item sagrado
Pai de criança morta em acidente pede que Trump pare de usar nome do filho em campanha

Pai de criança morta em acidente pede que Trump pare de usar nome do filho em campanha

Aiden Clark morreu, aos 11 anos, atropelado por um imigrante haitiano em 2023, em Springfield, no estado de Ohio
Publicidade
Publicidade