Moro e Seif: julgamentos levam em conta formas de atenuar ataques do Congresso ao Judiciário; análise
Processos que pedem cassação do ex-juiz da Lava Jato chegaram ao TSE; no caso do senador do PL-SC, tribunal suspendeu análise para obtenção de mais provas
Julgamentos que pedem cassação dos senadores Sergio Moro (União Brasil-PR) e Jorge Seif (PL-SC), no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), levam em conta maneiras de amenizar a relação entre Congresso e Judiciário e evitar ataques de alguns parlamentares tanto ao TSE quanto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Quem traz esses bastidores é o jornalista Afonso Benites, editor-executivo do SBT News em Brasília, no Brasil Agora desta sexta-feira (3).
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"Tribunais superiores levam em conta a situação política em decisões. Não são apenas técnicas", conta Benites. O jornalista lembra que a extrema direita do Congresso mantém ataques aos tribunais superiores. Esses julgamentos podem servir para distensionar um pouco a relação entre os poderes.
"Nenhuma das autoridades da República quer essa crise hoje em dia. Estão acontecendo conversas para ver de que maneira se pode amenizar qualquer ataque que venha do Congresso contra o Judiciário. Nessa conta, sim, estão os julgamentos de Seif e Moro", informa Benites.
Moro foi absolvido pelo TRE-PR, e os processos, que partiram do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram remetidos ao TSE.
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O PL tem especial interesse em uma eleição suplementar, que poderia ser realizada com a cassação de Moro. "O candidato do PL [Paulo Martins] foi o segundo mais votado no Paraná. É bolsonarista raiz, ao contrário de Moro, que não está mais tão atrelado ao bolsonarismo", explica Benites.
A vontade da defesa de Moro é que o caso seja julgado após o ministro Kassio Nunes Marques assumir a presidência do TSE. O atual presidente é Alexandre de Moraes. O relator das ações contra o senador é Floriano Marques, o mesmo do processo envolvendo Seif.
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No caso de Seif, o TSE considerou que não há provas suficientes para cassar o mandato do senador. Assim, o julgamento foi convertido em diligência, para que uma nova investigação seja iniciada.