Gleisi culpa Selic de 15% por aumento da dívida pública e diz que juros sugam recursos do Orçamento
Lula afirmou na semana passada que espera em breve um corte na taxa, que está no maior patamar desde 2006

Gabriela Vieira
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta segunda-feira (22) que o principal fator por trás do aumento da dívida pública brasileira é a taxa básica de juros, a Selic, que está em 15% ao ano atualmente – maior patamar desde 2006.
Na rede social X (ex-Twitter), a ministra também disse que os juros altos "sugam" recursos do Orçamento, comprometendo "a prestação de serviços públicos, os programas sociais e os investimentos do governo para o desenvolvimento do país".
"A maior responsável pelo aumento da dívida pública continua sendo a taxa básica de juros de 15% ao ano, e não a despesa do governo, diferentemente do que a gente lê na mídia mais uma vez neste final de ano. Apontam um crescimento de 5% acima da inflação na despesa, mas querem ignorar que os juros estão 10% mais altos do que a inflação. Esses juros estratosféricos, que encarecem o crédito e limitam o crescimento, é que fazem crescer a dívida pública", acrescentou.
"Cheiro" de corte
A declaração ocorre após decisão, em 10 de dezembro, do Banco Central (BC) em manter a Selic em 15% ao ano. Essa foi a quarta reunião consecutiva em que a taxa permaneceu no mesmo patamar. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá em 45 dias.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou recentemente sentir "cheiro" de corte na taxa básica de juros em breve, mas negou pressão sobre o presidente da autarquia, Gabriel Galípolo.
"É ele quem tem que tomar a decisão, e eu espero que ele esteja cheirando o mesmo ar de desejo que eu estou cheirando agora, e se ele fizer isso vai ser bom para ele, vai ser bom para mim, vai ser bom para o Brasil, vai ser bom para a indústria, vai ser bom para o desemprego, vai ser bom para o salário e vai ser bom para todo mundo", disse o mandatário, em coletiva de imprensa em 18 de dezembro.
A Selic já atingiu valor recorde de 45% ao ano em 1999, quando alcançou seu maior resultado. O governo considera patamar atual, de 15% ao ano, elevado e já esperava uma redução mais expressiva da taxa nas últimas reuniões, apesar da interrupção no ciclo de alta dos juros sob a gestão de Galípolo.
A taxa de juros pode variar por vários motivos, mas principais determinantes costumam ser a inflação e o ritmo da atividade econômica.
Previsão para 2026
Segundo pesquisa Focus divulgada nesta segunda (22), analistas consultados pelo Banco Central ajustaram para cima sua expectativa para a taxa básica de juros em 2026.
O levantamento apontou que a projeção para a Selic no final do próximo ano subiu a 12,25%, de 12,13% antes na mediana das projeções.








