Parlamentares se dividem após divulgação de relatório da PF sobre tentativa de golpe
Aliados ao governo pedem prisão dos envolvidos, enquanto membros da oposição querem anistia dos investigados
No Congresso, parlamentares se manifestaram após a divulgação do relatório da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe.
Para o senador Otto Alencar (PSD-BA), líder interino do governo no Senado, o documento trouxe provas consistentes sobre a participação de Jair Bolsonaro na trama golpista.
"Ele falava abertamente, assim como seu vice-presidente, o Braga Netto. Ele chegou a dizer que tivessem calma, que as coisas iam acontecer, que ia dar tudo certo. Ele fez isso na tentativa de contaminar as forças militares. Contaminou uma pequena minoria que tem que pagar o preço", disse Otto Alencar.
Já o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição, alega que não há elementos que comprovem uma tentativa de golpe de estado.
"Essa tese do golpe não tem consistência. Ela não tem capacidade de passar a verdade para as pessoas. As centenas de pessoas que tiveram as suas culpas não individualizadas, que tiveram seus advogados com dificuldade de acessar os inquéritos, que foram condenados a penas de 14, 12, 17 anos de prisão porque estavam no interior de prédios públicos", disse.
Em discurso na tribuna, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, falou em perseguição contra o pai e pediu anistia a todos os envolvidos na investigação. "O único caminho para alguma normalidade e para algum reequilíbrio entre os poderes é uma anistia que tem que ser ampla, geral e irrestrita - estou cada vez mais convicto disso - que inclua, inclusive, o ministro Alexandre de Moraes"
Já o deputado Rogério Correia (PT-MG) afirmou que não existe mais possibilidade de anistia aos investigados pela tentativa de golpe -- e pelos atos de 8 de janeiro do ano passado: "agora é manter e fazer com que a PGR apresente rapidamente essa denúncia. É isso que vai acontecer. Anistia? Sem chance. Agora é a punição e a prisão dos responsáveis".
No Palácio do Planalto ainda não houve manifestações públicas do presidente Lula sobre o relatório final da Polícia Federal. Nos bastidores, Lula teria recomendado aos aliados "moderação" na análise do inquérito.