Morre Morgan Spurlock, diretor do documentário "Super Size Me", aos 53 anos
No filme, cineasta analisa indústria de fast food ao se submeter a uma dieta somente de lanches do McDonald's durante um mês
Felipe Moraes
O cineasta Morgan Spurlock, diretor do documentário indicado ao Oscar "Super Size Me: A Dieta do Palhaço" (2004), morreu aos 53 anos, em Nova York (EUA), nessa quinta-feira (23). Segundo comunicado da família, ele faleceu em decorrência de complicações de um câncer.
No filme, Spurlock fez uma análise da indústria de fast food por meio de uma abordagem radical: ele se submeteu a uma dieta somente de lanches da rede McDonald's durante um mês, para mostrar efeitos do consumo exagerado de hambúrgueres, batatas fritas e refrigerantes na saúde e no corpo.
O longa-metragem está disponível para assistir no Brasil via plataforma de streaming Amazon Prime Video.
Com orçamento de apenas US$ 65 mil, "Super Size Me" foi um sucesso de bilheteria, arrecadando US$ 22 milhões, e teve impacto em discussões sobre alimentação, nutrição e obesidade.
Semanas após lançamento no Festival de Sundance, em janeiro de 2004, McDonald's parou de vender lanches na linha super size ("tamanho super", em tradução livre), mas sem citar a repercussão provocada pelo filme.
Em 2017, Spurlock lançou a sequência "Super Size Me 2: O Frango Nosso de Cada Dia", em que explorou como empresas de fast food passaram por reformulação (ou rebranding, no popular termo em inglês) nos últimos anos para vender produtos supostamente mais saudáveis.
No longa, Spurlock também se colocou como personagem ao abrir seu próprio restaurante de refeições rápidas, batizado de Holy Chicken ("Santo Frango").
Também em 2017, em resposta a críticos que desconfiaram dos efeitos causados por fast food no primeiro "Super Size Me", o diretor reconheceu que lutava contra a dependência de bebida alcoólica à época da filmagem.
Naquele mesmo ano, durante o movimento #MeToo ("Eu Também"), Spurlock admitiu, em postagem em seu blog, condutas sexuais impróprias no passado, citando traições a esposas e namoradas e acordo feito após uma acusação de assédio. Depois da confissão, deixou a produtora que fundou em 2004, Warrior Poets.
O cineasta ainda assinou trabalhos documentais como "Where in the World Is Osama Bin Laden?" (2008), "One Direction: This Is Us" (2013), retrato da boy band britânica, e "Rats: Realidade Urbana" (2016), sobre infestações de ratos em grandes cidades.