Tem como identificar uma bebida adulterada com metanol? Especialista explica sabor e cheiro

A Grande São Paulo enfrenta uma série de casos de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol, com mortes pela substância sob investigação. As bebidas alcoólicas legalizadas contêm etanol, substância responsável pelo efeito do álcool no organismo; já o metanol, que está sendo usado de forma clandestina, é um tipo de álcool altamente tóxico para humanos.

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Diante da preocupação crescente, a hepatologista Patricia Almeida, doutora pela USP e membro da Sociedade Brasileira de Hepatologia, explica ao SBT News os riscos e as dificuldades em identificar a substância. Segundo ela, não existe forma prática do consumidor comum reconhecer o metanol em uma bebida.

“O metanol é incolor, com odor e sabor praticamente indistinguíveis do etanol [usado na produção de bebidas], o que torna impossível ao consumidor comum reconhecer sua presença."

Também não existe teste caseiro confiável para essa detecção, sendo que somente análises laboratoriais específicas podem identificar o metanol, segundo Patricia Almeida. Portanto, vale destacar que, ao desconfiar de um produto, não é recomendado cheirar ou tentar queimar o líquido. Essas práticas não são seguras e nem eficazes.

A especialista pontua que a intoxicação pode ser fatal mesmo em pequenas doses. “Ingestões de cerca de 10 mL de metanol puro já podem provocar distúrbios visuais graves; doses próximas a 30 mL podem ser letais para um adulto. Em bebidas clandestinas, essas quantidades podem estar presentes em poucas doses.”

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Então, como se proteger de intoxicação por metanol?

Como ainda não existe um método que exponha a contaminação com metanol, a única maneira de se prevenir neste momento é evitando líquidos de origem desconhecida. "A única forma segura de prevenção é consumir bebidas de procedência garantida, fiscalizadas e regulamentadas", ressalta a especialista.

Evite, especialmente, ingerir bebidas destiladas, que geralmente são as mais adulteradas. Na Grande São Paulo, há suspeita de contaminações em pessoas que tomaram uísque, vodca e gin.

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O Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo (CVS) reforça que a "recomendação é que a população adquira apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal, evitando opções de origem duvidosa e prevenindo casos de intoxicação que podem colocar a vida em risco".

Segundo o Procon-SP, o consumidor deve observar as embalagens e o aspecto do produto: lacre ou tampa tortos, rótulo desalinhado ou desgastado, erros de ortografia ou logos com “variações”, ausência de informações, como CNPJ, endereço do fabricante ou distribuidor, número do lote, ou outra imperfeição.

A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) também orienta que estabelecimentos comprem somente de distribuidores reconhecidos e, em caso de suspeita, suspendam imediatamente a venda e comuniquem as autoridades. Preços muito abaixo do mercado, erros de impressão no rótulo, lacres mal vedados ou cheiro semelhante a solventes são sinais de alerta.

Riscos à saúde e efeitos após ingestão de metanol

O fígado é o primeiro órgão a metabolizar o metanol, transformando-o em compostos altamente agressivos, como formaldeído e ácido fórmico. Esse processo causa lesões graves no fígado, cérebro e nervos ópticos.

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Os sintomas podem aparecer, em média, 12 horas depois da ingestão e incluem:

• náuseas e vômitos;
• dor abdominal;
• tontura;
• visão borrada e fotofobia;
• em casos graves, cegueira, respiração acelerada, confusão mental, coma e até a morte.

“Trata-se de uma intoxicação potencialmente fulminante, que pode desencadear falência múltipla de órgãos, perda visual irreversível e parada cardiorrespiratória. Sem diagnóstico e tratamento imediatos, a intoxicação por metanol é frequentemente fatal”, alerta a hepatologista.

Por isso, em casos de suspeita de ingestão, a orientação é buscar atendimento médico o mais rápido possível para aumentar as chances de recuperação.