Intoxicação por metanol: PF investiga suspeita de crime organizado em casos de bebidas adulteradas
Três mortes e dez casos confirmados em SP levaram governo a adotar protocolo de emergência; autoridades alertam que distribuição pode ter alcance nacional
Gabriela Tunes
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta terça-feira (30) que a pasta determinou abertura de investigação da Polícia Federal (PF) sobre origem do metanol usado em bebidas adulteradas em São Paulo, bem como a suspeita de envolvimento do crime organizado. Três pessoas morreram e ao menos dez casos de intoxicação já foram confirmados no estado.
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O número, segundo o Ministério da Saúde, corresponde ao total esperado para um ano inteiro e foi alcançado apenas entre agosto e setembro. Diante do avanço dos registros, o governo federal montou uma força-tarefa que envolve Saúde, Justiça, PF e órgãos de defesa do consumidor.
O Ministério da Saúde determinou que todas as unidades de atendimento sigam o protocolo de notificação imediata para casos suspeitos. A pasta também deve publicar uma nota técnica orientando médicos e hospitais sobre quando desconfiar da intoxicação.
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Os sintomas aparecem, em média, 12 horas após o consumo e incluem dores abdominais em cólica e alterações visuais, consequência da ação da substância sobre o nervo óptico. A recomendação é buscar atendimento médico imediato.
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) vai emitir alerta aos Procons para orientar fornecedores e consumidores sobre a comercialização e o consumo das bebidas. O Ministério da Justiça afirma que podem existir casos ainda não notificados e acionou o Sistema de Alerta Rápido, que centraliza dados de todo o país. No último sábado (27), bares e pontos de venda de álcool receberam um alerta técnico.
Já nessa segunda (29), a Polícia Federal instaurou inquérito para investigar a procedência da droga e a rede de distribuição, com indícios de que a circulação não se restringe ao estado paulista.
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A adulteração de produtos químicos é crime comum, e a venda também configura crime, segundo a Senacon, que abriu um inquérito administrativo para acompanhar o caso. A PF deve verificar se há envolvimento de organizações criminosas e promete atuar de forma integrada com outras autoridades.
O Ministério da Agricultura também acompanha a situação e já identificou casos anteriores de intoxicação ligados a pessoas em situação de rua.
À população, as orientações incluem atenção à origem da bebida, verificar se o lacre está sendo aberto no momento da compra, além de cuidados gerais como não dirigir após o consumo e manter-se alimentado e hidratado.