Seis meses após a grande enchente, Porto Alegre está protegida contra novos alagamentos?
A inundação, considerada a maior da história, ocorreu devido à falha no sistema de proteção contra cheias
Eduardo Pinzon
Maria Eduarda Petek
Seis meses se passaram desde que as águas do Rio Guaíba invadiram Porto Alegre, deixando a cidade isolada. A inundação, considerada a maior da história, ocorreu devido à falha no sistema de proteção contra cheias. Agora, a população se pergunta: será que a capital gaúcha está realmente protegida contra novos alagamentos?
O acidente resultou em 31 dias de ruas alagadas, com comércios fechados e famílias desabrigadas. Ângela, uma moradora que viveu por quase 30 anos em cima de um dique que não deveria ter sido habitado, perdeu sua casa durante a enchente de maio. Recentemente, recebeu um bônus-moradia da prefeitura no valor de R$ 127 mil.
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O sistema de proteção contra inundações em Porto Alegre conta com 68 quilômetros de diques, mas a intensidade das chuvas fez com que a água transbordasse. De acordo com Maurício Loss, diretor-presidente do Departamento Municipal de Água e Esgotos, os diques —projetados na década de 60 para suportar até 7 metros — não foram construídos na cota correta.
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Em meio à catástrofe, a cidade também perdeu parte de seu sistema de comportas, que falhou em impedir a entrada de água durante a enchente. Para evitar novos riscos, a prefeitura decidiu fechar oito portões definitivamente, utilizando concreto.
Atualmente, apenas 4 das 23 bombas de drenagem estavam operando durante o pico da cheia. A administração municipal afirma que todas as bombas estão funcionando, mas passam por manutenções.
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Enquanto isso, o Departamento de Habitação está realizando mais de 4.500 laudos para avaliar os danos estruturais das residências alagadas. Com esses laudos, os moradores poderão acessar o programa Minha Casa, Minha Vida, específico para os atingidos pelas enchentes.
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No dique, muitas casas foram abandonadas. Claudir, um dos últimos moradores, questiona o futuro de sua família e seus animais, sem garantias de um novo lar. A situação é angustiante para aqueles que, mesmo após seis meses, ainda lutam para provar que foram afetados, enfrentando uma burocracia que só aumenta a ansiedade.
Enquanto Porto Alegre busca soluções para proteger sua população, as famílias atingidas continuam a viver o luto de perder suas casas e o medo de novas tragédias.