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Brasil

Perfis de bolsonaristas no X bloqueados pelo STF usaram canal de bate-papo para fazer lives "clandestinas"

PF identificou que acusados de integrar milícia digital fizeram, dos EUA, transmissões ao vivo, por canais inativados judicialmente

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A Polícia Federal (PF) identificou que bolsonaristas que estão com os perfis de redes sociais bloqueados usaram uma ferramenta de conversas, o Space, para conseguir fazer transmissões pelo X (antigo Twitter). Foram identificadas lives (transmissão ao vivo) nas últimas semanas de investigados nos inquéritos das milícias digitais, como o blogueiro Allan do Santos, do canal Terça Livre, que está nos Estados Unidos.

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“Identificou-se também que o recurso “Espaços” (Spaces) está sendo utilizado para permitir que usuários brasileiros da plataforma X possam interagir com pessoas que tiveram seus perfis bloqueados por decisão judicial”, relata o delegado da PF Fábio Shor, em informação policial do inquérito que investiga Elon Musk, o dono da X.

O bilionário dono do X é suspeito de obstrução de Justiça, embaraço às investigações policiais e incitação ao crime, desde 8 de abril. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou abertura do inquérito, após Musk atacar "censura" aos perfis, no Brasil. Disse ainda que ajudaria a derrubar os bloqueios.

Moraes deu cinco dias para o X explicar as transmissões em lives de perfis bloqueados, em decisão desta segunda-feira (23)

A PF analisou algumas contas de usuários do X, que foram bloqueadas por decisões do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido por Moraes. O monitoramento por amostragem começou no dia 8 de abril de 2024. Na Informação de Polícia Judiciária nº 1579463/2024, a área responsável comunicou a descoberta da burla e apontou o X como parte envolvida.

"Ao contrário da resposta encaminhada pela empresa X, identificou várias contas objeto de constrição judicial, que estão ativas no Brasil, permitindo que os usuários brasileiros da plataforma sigam os perfis bloqueados."

Os policiais informam que apesar de as postagens (os tweets) não aparecerem no perfil, "o provedor da rede social X está viabilizando que as referidas contas disponibilizem link para que os usuários da rede social no Brasil acessem o recurso de transmissão ao vivo, para acompanharem o conteúdo publicado pelas pessoas investigadas que tiveram suas contas bloqueadas".

Em um dos casos analisados pela PF, uma transmissão do perfil @tercalivre, de Allan dos Santos, no dia 11 de abril, orienta os seguidores como assistir a live, transmitida no dia 9 de abril.

"Para as pessoas que estão no Brasil você precisa compartilhar o link específico da live", explica. "Só que para as pessoas que estão no Brasil você precisa compartilhar o link específico da live que já está no site da Academia Conservadora. Ou você pode simplesmente copiar e colar no comentário, que nós iremos retuitar."

O delegado da PF informou as descobertas ao STF na sexta-feira (19) e citou seis perfis identificados fazendo lives, mesmo com restrições judiciais nas contas do X.

"Verificou-se que a rede social X apesar de bloquear as postagens feitas e recebidas pelos investigados em seus canais, ao autorizar a transmissão de conteúdo ao vivo permitiu o uso de sua plataforma, desde o dia 08 de abril de 2024, pelos seguintes perfis: @RConstantino; @realpfigueiredo; @eustaquiojor e @marcosdoval, @allanldsantos e @tercalivre."

A PF lembra que o modo de agir é similar ao do "autointitulado GDO (gabinete do ódio) que, assim como nos eventos ora investigados, utilizou a plataforma Twitter (atual X) para colocar em prática suas ações criminosas, com a criação e a repercussão de notícias não lastreadas ou conhecidamente falsas a respeito de pessoas ou temas de interesse".

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"O que se evidencia é uma atuação deliberada dessas pessoas, que planejam a ação, selecionando os alvos - os chamados "espantalhos" - e, em seguida, iniciam o encaminhamento de mensagens por meio de redes sociais e aplicativos de comunicação", informa a PF.

"Nesse momento, vislumbra-se uma reorganização da Milícia Digital dentro dos limites da jurisdição brasileira, com a reativação dos perfis na plataforma X, por meio da disponibilização aos usuários brasileiros de links para acompanharem lives transmitidas fora do país pelos investigados", informa o documento, assinado pelo delegado Fábio Shor, da PF.

Segundo o delegado, o grupo intensificou o uso da "milícia digital" em outros países, para fugir das ordens da Justiça e difundir falsas notícias (as fake news), e se reorganizou no Brasil.

O X informou no inquérito, por meio da defesa, que os perfis foram bloqueados por ordem do STF e que eles permanecem inativos.

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