Moraes manda PF abrir inquérito sobre vazamento de conversas de juiz auxiliar de seu gabinete e membro do TSE
Diálogos revelados em reportagem de jornal têm pedidos de dados de forma informal para abastecer inquéritos contra bolsonaristas no Supremo
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou a Polícia Federal (PF) abrir investigação sobre o vazamento de dados de conversas entre seus auxiliares no gabinete e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), durante período em que foi presidente, sobre pedidos entre os órgãos para abastecer os inquéritos criminais contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os pedidos do juiz auxiliar Airton Vieira, do gabinete de Moraes no STF, teriam sido feitos a Eduardo Tagliaferro, perito criminal que era chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, durante a presidência de Moraes na Corte Eleitoral.
O conteúdo foi revelado em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, na última semana, que apontou possíveis irregularidade nos pedidos diretos e informais entre os auxiliares das duas cortes para abastecer a investigação do inquérito das Fake News, sob relatoria de Moraes no Supremo.
O inquérito foi aberto na segunda-feira (19). O perito Tagliaferro, que não trabalha mais no TSE, foi intimado a depor e deve comparecer nesta quinta-feira (22), na Superintendência da PF em São Paulo, onde será ouvido por um delegado. O ex-chefe do setor de investigação do tribunal foi preso em maio de 2023, por violência doméstica e foi demitido do cargo.
Sem irregularidades
Moraes afirmou, após as revelações, que as solicitações estão devidamente inscritas no processo e "foram feitas a inúmeros órgãos, que, no exercício do poder de polícia, tem competência para a realização de relatórios sobre atividades ilícitas, como desinformação, discursos de ódio eleitoral, tentativa de golpe de Estado e atentado à democracia e às Instituições".
Em nota, o gabinete do ministro informou que "vários desses relatórios foram juntados nessas investigações e em outras conexas e enviadas à Polícia Federal para a continuidade das diligências necessárias, sempre com ciência à Procuradoria Geral da República." "Todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria Geral da República."
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