Investigação sobre 8/1 encontrou diálogos e "fortes ligações" de Jordy com golpista
Em mensagem, deputado federal do PL-RJ é chamado de "meu líder"; parlamentar teria ajudado a orientar atos antidemocráticos no Rio de Janeiro
A investigação sobre o 8 de janeiro encontrou diálogos entre o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) e um organizador de movimento golpista em grupos de mensagens. Foram essas conversas que motivaram o cumprimento de mandados de busca e apreensão, nesta quinta-feira (18), na casa do parlamentar no Rio de Janeiro (RJ), e no gabinete dele na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), no âmbito da 24ª fase da Operação Lesa Pátria.
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A força-tarefa visa identificar quem planejou, financiou e incitou as depredações e invasões às sedes dos Três Poderes e atos antidemocráticos anteriores ao 8/1, como acampamentos em frente a quartéis e bloqueio de rodovias.
Segundo documentos do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) aos quais o SBT News teve acesso, Jordy mantinha contato com Carlos Victor de Carvalho.
Carvalho trabalhou como vereador suplente da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes (RJ) e servidor da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
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"Também seria uma liderança dos movimentos de extrema direita em Campos", atuando no planejamento e na organização de ações em protesto contra a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022.
Carvalho era responsável por administrar pelo menos 15 grupos de inclinação antidemocrática no WhatsApp. Ao todo, a PGR encontrou 627 registros entre ele e Jordy, como mensagens de texto, áudio, anexos e ligações pelo aplicativo. A maioria dos registros é de datas anteriores às eleições de 2022, entre agosto e outubro.
Assinados pelo ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre 8/1 no STF, e pelo subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, os documentos informam que "foi possível colher indícios que Carlos Victor de Carvalho possui fortes ligações com o deputado federal Carlos Jordy".
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Essa relação, conforme a apuração policial, "transpassa o vínculo político, vindo denotar-se que o parlamentar, além de orientar, tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região".
Mensagem e telefonema com golpista
A investigação também aponta que o parlamentar trocava mensagens não apenas "para fins políticos partidários, mas também com a intenção de ordenar a prática de crimes contra o Estado de Direito".
Numa das conversas obtidas pela PF, ocorrida em 1º de dezembro de 2022, o golpista chama Jordy de "meu líder" e diz que ele teria poder de "parar tudo".
Carvalho: "Bom dia, meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo".
Jordy: "Fala, irmão, beleza? Está podendo falar aí?".
Carvalho: "Posso, irmão. Quando quiser, pode me ligar".
Outro fato chamou a atenção dos investigadores. Em 17 de janeiro de 2023, quando Carvalho estava foragido, golpista e deputado conversaram por telefone. O suspeito foi preso dias depois, no dia 28.
Jordy nega envolvimento no 8/1
Após a ação de busca e apreensão, Jordy publicou vídeo nas redes sociais afirmando que não teve qualquer envolvimento no 8 de janeiro.
"Uma medida autoritária, sem fundamento, sem indício algum, que somente visa perseguir, intimidar e criar narrativa às vésperas de eleição municipal", disse o deputado e pré-candidato a prefeito de Niterói (RJ) no pleito de 2024.
O parlamentar também criticou Moraes, "uma pessoa que se julga dono no Brasil", e disse que "estamos vivendo uma ditadura".