Gilmar Mendes diz que "qualquer tentativa de golpe contra o Estado é um crime consumado"
Ministro do STF classificou plano golpista que previa assassinar Lula, Alckmin e Moraes como "extremamente grave e preocupante"
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse, nesta quinta-feira (21), que o plano golpista que previa o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e de Alexandre de Moraes é "extremamente grave e preocupante".
Durante o congresso da Associação Brasileira dos Planos de Saúde (Abramge), em São Paulo, Gilmar Mendes disse para a imprensa que qualquer tentativa de golpe contra o Estado é um crime consumado.
"A tentativa de qualquer atentado contra o Estado de Direito já é criminalizada, já é um crime consumado. Até porque, quando se faz o atentado contra o Estado de Direito e ele se consuma, ele [Estado] já não mais existe. Então, é óbvio que o que se pune é a própria tentativa de atentar contra o Estado de Direito", declarou Mendes.
Na sequência, o ministro afirmou que o caso deve servir de lição para que não se repita, contando com uma resposta judicial e legislativamente. Gilmar Mendes também defendeu o colega de toga, criticado por ser o relator do processo em que seria vítima. O plano golpista, revelado pela Polícia Federal, diz que Moraes estava sendo monitorado e seria morto após ser sequestrado.
"Desde sempre, o ministro Moraes tem sido o relator desse processo. Por isso, ele passou ser vítima desses ataques. Seria absurdo afastá-lo por isso em um tribunal de onze ministros [...] Muitos de nós [ministros] somos alvos de ataques", argumentou Mendes.
Suspeita
Na análise de Gilmar Mendes, "coisas estranhas ocorreram", como o assentamento nos quartéis após a vitória de Lula nas urnas eletrônicas, em 2022, o que, desde então, "desconfiávamos que haviam coisas anormais para além da posse do presidente Lula".
Gilmar lembrou dos carros queimados, tentativa da explosão de um posto de gasolina em frente ao hotel em que Lula estava, o deslocamento de um caminhão bomba para o Aeroporto de Brasília e pediu investigações sobre os casos.
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"Coisas estranhas ocorreram e todos vocês sabem. Por exemplo, aqueles assentamentos nos quartéis. Estou cansado de repetir. Isso não se faz, não se exerce liberdade de reunião em frente à quartel. Isso foi largamente tolerado e, como se sabe, o oito de janeiro em Brasília partiu de quartéis. Então, nós desconfiávamos, obviamente, que haviam coisas anormais para além da posse do presidente Lula.
Tudo sugeria que algo de estranho estava acontecendo no dia 12 de dezembro [de 2022], diplomação do presidente Lula. Nós tivemos todos aqueles episódios em Brasília, que até hoje não estão de todos desvelados ou revelados. Carros queimados, tentativa de explosão de um posto de gasolina em frente ao hotel onde estava o presidente Lula, nós tivemos aquele episódio do caminhão com bomba indo para o aeroporto.
Veja, são todos fatos que revelam algum tipo de articulação e acho que nos está faltando são as investigações. Eu acho que precisamos deitar luz sobre isso", concluiu Mendes.