Fintechs são alvo de operação em desdobramento da delação de Gritzbach
Agentes da Polícia Federal e do GAECO prenderam o policial civil afastado Cyllas Salerno Elia Júnior, que é um dos sócios de uma empresa investigada
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Robinson Cerantula
Fabíola Corrêa
Derick Toda
A Polícia Federal e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), realizam uma operação nesta terça-feira (25) contra duas fintechs – empresas de tecnologia no mercado financeiro – suspeitas de lavagem de dinheiro para a facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC).
São alvos da operação as fintechs 2GO Instituição de Pagamentos, que tem como um dos sócios o policial civil afastado Cyllas Salerno Elia Júnior, e a InvBank Soluções Financeiras. Somente a 2GO teria lavado cerca de R$ 6 bilhões, movimentando dinheiro em ao menos 15 países, incluindo o Brasil, segundo o MPSP.
Nesta ação, a polícia prendeu Cyllas, cumprindo um mandado de prisão, e cumpre dez mandados de busca e apreensão em endereços de São Paulo, Santo André e São Bernardo, no ABC Paulista. Os empreendimentos foram denunciados pelo Vinicius Gritzbach, que também lavava dinheiro para a facção, na delação ao MPSP, que desencadeou essa operação.
Além disso, foi determinado o bloqueio e sequestro de bens dos investigados, além da suspensão imediata das atividades das empresas.
O delator, assassinado em novembro do ano passado no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, lavava bens do PCC como corretor de imóveis e com operações digitais.
De acordo com a investigação, as fintechs facilitavam a lavagem de dinheiro intermediando a comercialização de imóveis e os depósitos para "laranjas".

Cyllas Elia Júnior já havia sido preso no ano passado em outra operação da PF, em Campinas, por envolvimento com criminosos chineses. Ele estava afastado da Polícia Civil desde dezembro de 2022, mas havia conseguido um habeas corpus no final de 2024.
Nessa segunda-feira (24), o SBT News mostrou que a Polícia Federal (PF) investiga policiais civis que investiram na fintech 2 Go Bank, de propriedade de Cyllas Elia. Na ocasião, ele foi procurado e preferiu não se manifestar. O SBT tenta contato novamente com a defesa de Cyllas Elia.
Já a Invbank Soluções teria como cotistas os integrantes do PCC Anselmo Santa Fausta e, conhecido como "Cara Preta", e Rafael Maeda, conhecido como "Japa".
O delator chegou a ser preso como mandante do assassinato de Cara Preta, morto em uma emboscada em 2021, junto com seu motorista Antônio Corona Neto, o "Sem Sangue", após ser acusado de dar um golpe milionário em Cara Preta.
Já o Japa, a polícia suspeita que ele tenha sido obrigado a cometer suicídio por membros da facção, sendo responsável pela coordenação de ações criminosas, como tráfico de drogas e articulações dentro e fora dos presídios.