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Brasil registra menor nível de emissões de gases do efeito estufa em 16 anos; patamar é insuficiente para atingir meta

Relatório do Observatório do Clima mostra que queda de 16,7% não será suficiente para alcançar meta climática prevista no Acordo de Paris

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Área da Amazônia desmatada | Divulgação/Polícia Federal/Agência Brasil

O Brasil emitiu 2,14 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa (GtCO₂e) em 2024, uma redução de 16,7% em relação a 2023, o maior recuo em 16 anos.

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Os dados são da 13ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), divulgada nesta segunda-feira (3) pelo Observatório do Clima, uma semana antes do início da COP30, que será realizada em Belém (PA).

A queda é atribuída principalmente à desaceleração do desmatamento na Amazônia, que registrou o terceiro menor índice da história. Foram 5.796 km² desmatados entre agosto de 2024 e julho de 2025.

As emissões do bioma caíram 33%, de 889 para 525 MtCO₂e. No Cerrado, a redução foi de 41%, com 207 MtCO₂e emitidos, resultado de ações de controle e fiscalização que levaram o bioma ao menor índice de desmate em cinco anos.

Descontadas as remoções de carbono pela vegetação, o desmatamento emitiu 249 MtCO₂e em 2024, o menor volume já registrado e 64% inferior ao de 2023.

As emissões líquidas, que consideram a absorção de carbono por florestas e áreas protegidas, caíram 22%, totalizando 1,489 GtCO₂e.

Mesmo com a melhora, o país ainda não deve atingir sua meta climática para 2025. O compromisso firmado no Acordo de Paris prevê o limite de 1,32 GtCO₂e de emissões líquidas, mas o SEEG projeta que o Brasil emitirá cerca de 1,44 GtCO₂e até o fim de 2024, número 9% acima do objetivo.

Outros dados

O relatório também mostra que o Brasil permanece entre os maiores emissores globais. Apenas o desmatamento no país libera mais carbono que a Arábia Saudita (793 MtCO₂e) e o Canadá (760 MtCO₂e), dois dos principais produtores de petróleo do mundo.

Já outros setores apresentaram estabilidade ou alta: queda de 0,7% na agropecuária, aumento de 0,8% na energia, 2,8% nos processos industriais e 3,6% nos resíduos.

A agropecuária emitiu 626 MtCO₂e em 2024, com destaque para a fermentação entérica do gado, responsável por 404 MtCO₂e, ou 29% das emissões nacionais.

O setor de energia ficou em terceiro lugar, respondendo por 20% do total, com 424 MtCO₂e, alta de 0,8% em relação a 2023.

Já as emissões por resíduos, que incluem lixo e esgoto, atingiram recorde de 96 MtCO₂e, impulsionadas pela atualização populacional feita pelo IBGE.

Apesar dos avanços no combate ao desmatamento, o relatório alerta que o Brasil ainda precisa ampliar políticas de descarbonização em outros setores para cumprir as metas climáticas assumidas internacionalmente.

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