Brasil registra 208 assassinatos de indígenas em 2023
Número é o segundo maior desde 2014, quando os dados começaram a ser contabilizados
O Brasil registrou ao menos 208 assassinatos de indígenas em 2023, uma alta de 15,5% em relação ao ano anterior, quando foram observados 180 casos. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (22) em um relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que é vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Segundo o anuário “Violência Contra os Povos Indígenas”, esse é o pior resultado desde 2014, quando o Cimi passou a reunir os dados oficiais para compor o relatório.
O número de 2023 só não foi superior ao de 2020, quando 216 assassinatos de pessoas indígenas foram registrados no país. + Luta por demarcação de terras mobiliza milhares de indígenas em Brasília
A metodologia do Cimi não levou em conta, entre as 208 vítimas, outros 17 homicídios que foram classificados como culposos, ou seja, sem a intenção de matar. Apesar da alta anual, os autores do relatório afirmaram que, em 2023, tiveram acesso a uma base de dados “mais completa e atualizada”, o que pode ter resultado em números maiores.
Os dados do anuário são compilados a partir da base do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e de detalhes obtidos junto à Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Ainda segundo a pesquisa, as mortes nos estados de Roraima, Mato Grosso do Sul e Amazonas totalizam quase 40% do total registrado, com 47, 43 e 36 ocorrências, respectivamente. A maioria das vítimas (171) tinha entre 20 e 59 anos. Entre os mortos, 179 eram homens e 29, mulheres.