Autor de atentado tinha certeza que seria eleito em 2020 por ser bolsonarista, dizem colegas
Francisco Wanderley Luiz foi candidato a vereador em Rio do Sul pelo PL
Políticos de Santa Catarina que conheciam Francisco Wanderley afirmam que ele tinha a certeza que seria eleito vereador em Rio do Sul, em 2020. O autor das explosões em Brasília acreditava que, por ser conhecido na cidade e eleitor do então presidente, Jair Bolsonaro, conseguiria facilmente uma vaga na Câmara Municipal.
Francisco Wanderley Luiz acreditava que iria começar a carreira política como vereador. O número com o qual disputou as eleições era o 22222 - fácil para o eleitor gravar. Foi o PL, o partido dele, que permitiu que usasse.
Adilson Bonfanti - que é vereador na cidade - disputou a eleição junto com Francisco. O político do PSD conseguiu a vaga, mas o autor das explosões ficou de fora.
"Eu tinha pedido o apoio pra que ele me ajudasse na campanha, como foi meu primeiro mandato. Ele disse: 'Bonfanti', eu não vou conseguir, porque também sou candidato. Eu disse: 'então vamos trabalhar juntos, cada um com sua disputa'".
Moradores de Rio do Sul continuam assustados com o que ocorreu na capital federal. Com 72 mil habitantes, a cidade parece pacata, mas esconde a polarização política que está em vários cantos do país.
"Na época da política é muito tumultuado aqui. Não é tanta briga, é mais discussão, mesmo", conta a cozinheira Dinete Dias.
Logo depois da disputa presidencial em 2022, um trecho da BR-470 foi bloqueado por eleitores inconformados com a derrota de Jair Bolsonaro.
É de Rio do Sul também uma das pessoas envolvidas nos atos de 08 de janeiro de 2023, quando houve a invasão da sede dos Três Poderes. A cabeleireira Dirce Rogerio, de 55 anos, foi condenada a mais de 15 anos de prisão. A defesa dela ainda recorre da sentença.
Fernando Fontes de Souza, que é jardineiro e conhecia Francisco Wanderley, já sofreu na pele as consequências da polarização. Ele se diz eleitor do presidente Lula, e por causa disso perdeu um amigo de mais de uma décad
"Estão misturando muito as coisas. Estão brigando por política, ninguém pode falar nada sobre política que já é esse negócio de violência", diz.