Caso Marielle: Advogado de Ronnie Lessa pede "condenação justa" e cita delação
Atirador confesso é réu, junto com Élcio de Queiroz, em julgamento pela morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes
O advogado de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, afirmou durante o segundo dia de julgamento, nesta quinta-feira (31), que concorda que o atirador seja condenado, mas pediu por uma "pena justa".
"No julgamento de hoje eu peço a condenação, mas que seja de uma forma justa. Que ele responda pelo que ele fez, não pelo que ele não fez", disse Saulo Carvalho.
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Carvalho ressaltou que a delação de Lessa foi fundamental para a conclusão do caso e que, sem a colaboração do réu, a investigação nunca teria chegado aos mandantes do crime. O advogado afirmou que Lessa não confessou a participação antes por falta de confiança nas autoridades do Rio de Janeiro.
"Por que o Ronnie não fez um acordo antes? Ele não confiava nas instituições do Rio de Janeiro, tinha um certo temor em falar essas questões e isso não ser levado para frente. A partir do momento que esses órgãos entram em contato, ele já tinha essa vontade de falar, mas quando a Polícia Federal entra em contato, junto com o trabalho do Ministério Público do Rio de Janeiro, ele se sente mais à vontade para celebrar esse acordo de colaboração premiada", afirmou.
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Saulo discordou do Ministério Público quanto aos agravantes do crime. Para o MPRJ, que quer 84 anos de condenação para os dois réus, os homicídios de Marielle e Anderson foram triplamente qualificados: por motivo torpe (moralmente reprovável), emboscada (recurso que dificultou a defesa das vítimas) e para assegurar a impunidade do crime. A defesa de Lessa defende que o crime não teve motivo político, mas sim financeiro.
"Ronnie foi denunciado pelo homicídio, por motivo torpe, e esse motivo torpe eu ouso discordar da acusação, porque não há nos autos que foi um crime político. Ele cometeu o crime não foi por uma atuação política da vereadora Marielle Franco, foi uma questão de terrenos, ele receberia lotes em troca", disse. Ele também negou que o atirador tenha matado Anderson e tentado matar a assessora Fernanda Chaves por queima de arquivo.
"O objetivo era acertar a vereadora, independente de quem estivesse ali. Ele não cometeu esse crime em uma evidente queima de arquivo. Como ele bem disse, ele cometeu o crime focando única e exclusivamente na vereadora", concluiu.
Os sete integrantes do júri popular devem se reunir ainda nesta quinta, no Conselho de Sentença, para responder a quesitos que serão votados. A decisão deve ser tomada por maioria dos votos. A expectativa é de que a juíza Lucia Glioche dê a sentença no fim da tarde.