Caso Marielle: Julgamento de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz é retomado; assista ao vivo
Sessão no 4º Tribunal do Júri da Justiça do Rio está programada para começar às 8h; testemunhas e réus já foram ouvidos
O 4º Tribunal do Júri da Justiça do Rio de Janeiro retoma, às 8h desta quinta-feira (31), o julgamento dos ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, assassinos confessos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A sessão foi suspensa por volta das 23h50 de quarta-feira (30), depois de mais de 10 horas de depoimentos.
No primeiro dia de julgamento, foram ouvidas todas as testemunhas de defesa e acusação. A primeira delas foi a assessora de imprensa Fernanda Chaves, que estava no carro com Marielle e Anderson no dia do crime. Ela foi a única sobrevivente do ataque.
“O carro estava bem devagar. Foi quando teve uma rajada. Num reflexo, eu me encolhi no banco do Anderson. Os tiros já tinham atravessado a janela. O Anderson esboçou dor, falou um ‘ai’. Marielle estava imóvel, e eu senti o corpo dela sobre mim. Eu acreditava que o carro tinha passado pelo meio de um tiroteio”, relatou Fernanda.
A mãe de Marielle, Marinete Silva, também depôs na sessão, assim como a viúva da vereadora, Mônica Benício, e a viúva de Anderson, Agatha Arnaus. A lista ainda conta com:
- Carlos Alberto Paúra Júnior, policial civil que fazia parte do núcleo que investigou o carro usado no crime (acusação);
- Luismar Cortelettili, agente da Polícia Civil do Rio (acusação);
- Carolina Rodrigues Linhares, perita criminal (acusação);
- Guilhermo Catramby, delegado da Polícia Federal (defesa);
- Marcelo Pasqualetti, policial federal (defesa).
O tribunal também ouviu os depoimentos dos réus, que participaram da sessão por videoconferência do presídio onde estão presos. Ronnie Lessa forneceu detalhes de como cometeu os assassinatos, dizendo que Marielle tinha “se tornado uma pedra no caminho” dos mandantes do crime. Élcio de Queiroz, por sua vez, afirmou que não sabia do plano para matar a vereadora, já que só havia sido chamado para dirigir o carro.
O destino dos réus será decidido por sete jurados. O Ministério Público do Rio de Janeiro pediu a condenação máxima para ambos, de 84 anos de prisão, pelos assassinatos de Marielle e Anderson e pela tentativa de homicídio de Fernanda.
Delação premiada
Os milicianos estão presos desde março de 2019. Ambos fizeram acordos de delação premiada e confessaram terem assassinado Marielle. Neste ano, Lessa revelou que o crime foi encomendado pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, por divergências políticas e pela atuação da vereadora contra grilagem de terras em áreas de milícias no Rio.
Ambos foram presos em 24 de março, juntamente com o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa – acusado de obstruir a investigação.
Segundo Lessa, o assassinato de Marille foi planejado ao longo de seis meses. A primeira reunião para discutir o tema ocorreu em setembro de 2017, nas proximidades de um hotel na Barra da Tijuca. O ex-PM foi contatado na época e, meses depois, se reuniu com Domingos Brazão, que apresentou a recompensa para o crime (R$ 25 milhões).
Lessa passou, então, a monitorar Marielle, enquanto o grupo levantava os itens necessários para o assassinato – arma e carro. Em 2018, um informante do ex-PM compartilhou que a vereadora estaria presente em um evento no dia 14 de março – oportunidade para o crime. Com isso, o atirador acionou Queiroz e ambos partiram para a emboscada.
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O plano teria sido encoberto por Barbosa, de modo a garantir a impunidade dos executores e mandantes do crime. O delegado havia assumido o Departamento de Homicídios da Polícia Civil do Rio na época, pouco antes de tomar posse, um dia antes do crime, como chefe da corporação. Ele foi responsável por atrapalhar as investigações.