Irmãos Brazão sentiam 'repugnância' por Marielle, aponta relatório da PF
Chiquinho e Domingos Brazão foram presos neste domingo (24) por serem mandantes do assassinato da vereadora do Psol
A Polícia Federal (PF) aponta, no relatório final da investigação sobre a morte de Marielle Franco, que Domingos e Chiquinho Brazão sentiam “repugnância” pela vereadora. Os irmãos Brazão foram presos neste domingo (24), apontados como mandantes do assassinato de Marielle.
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“O crime foi cometido mediante motivação torpe, ante a repugnância dos irmãos Brazão em relação à atuação política de Marielle Franco e de seus correligionários em face dos seus interesses escusos”, diz o documento elaborado pelos investigadores.
O texto, ao qual o SBT News teve acesso após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) retirar o sigilo, também destaca que Ronnie Lessa, preso como autor do crime, afirmou que a animosidade foi relatada já na primeira reunião para tratar da execução de Marielle, em setembro de 2017.
“Surgiram as primeiras falas sobre a motivação do crime, que dão conta de que a vítima teria sido posta como um obstáculo aos interesses dos irmãos [Brazão]”, aponta o relatório.
A atuação de Marielle em áreas de interesse dos irmãos Brazão e da milícia também é citada como motivação.
“O colaborador narrou que Domingos Brazão passou a ser mais específico sobre os obstáculos que a vereadora poderia representar. São feitas referências a reuniões que a vereadora teria mantido com lideranças comunitárias da região das Vargens, na Zona Oeste Rio de Janeiro, para tratar de questões relativas a loteamentos de milícia. Esclarecendo-se, contudo, que este seria apenas um exemplo, tendo em vista que os riscos decorrentes da atuação de Marielle Franco eram mais abrangentes e se estenderiam à problemática dos loteamentos ilegais de maneira geral.”
Prisões
A Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã deste domingo (24), suspeitos de mandar matar a vereadora Marielle Franco (Psol). A operação Murder Inc. resultou nas prisões do deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), de Domingos Brazão, irmão dele e conselheiro do Tribunal de Contas do estado, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do RJ. O delegado também é acusado de obstruir a investigação.
Anderson Gomes, motorista da vereadora, também foi assassinado no crime, cometido em 14 de março de 2018. Em nota, a PF classificou os alvos como "autores intelectuais dos crimes".
A força-tarefa deste domingo ainda cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Rio de Janeiro. A investigação apura crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça.
Além das prisões, o STF determinou as seguintes medidas:
- Busca e apreensão domiciliar e pessoal;
- Bloqueio de bens;
- Afastamento das funções públicas;
- E medidas cautelares diversas da prisão, como tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno, entrega de passaporte e suspensão do porte de armas, além de apresentação perante o juízo da execução no RJ.
A operação contou com participação da Procuradoria-Geral da República (PGR), da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, da Secretaria de Estado de Polícia Civil do RJ e do Ministério Público do estado (MPRJ).