"Acreditava que era tiroteio", diz única sobrevivente do assassinato de Marielle e o motorista Anderson
Assessora de imprensa Fernanda Chaves estava dentro do carro alvo dos disparos; são julgados Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz
A primeira testemunha que prestou depoimento no julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, assassinos confessos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foi a assessora de imprensa Fernanda Chaves. Ela estava dentro do carro alvo dos disparos e foi a única sobrevivente do crime.
Em depoimento, Fernanda afirmou que ao ouvir os barulhos de tiros no dia 14 de março de 2018 acreditou que era um tiroteio.
"No carnaval, poucos dias antes, havia tido ali um confronto de policiais e bandidos, na entrada do Estácio. Foi a primeira coisa que me veio a cabeça. Eu acreditava que havia acabado de passar por um tiroteio, infelizmente essa é uma realidade do Rio de Janeiro", disse.
A assessora contou que nos últimos seis anos a sua vida "mudou completamente". Ela foi orientada a sair do país, com o marido e a filha, de seis anos, e passou por três meses de acolhimento da Anistia Internacional em Madrid, na Espanha. "Março de 2018 nunca saiu de dentro de mim", disse ela, que completou:
"Foi muito doloroso para mim ser impedida e obrigada a não participar dos ritos de despedida da Marielle. Eu não era só uma funcionária da Marielle, nós tínhamos quase 15 anos de amizade, ela era madrinha da minha filha, nós éramos vizinhas. Eu não pude ir pro velório, pro enterro, pra missa de sétimo dia. Eu fui impedida, não foi uma escolha minha", afirmou.
Lessa e Queiroz
Os assassinos confessos estão presos desde março de 2019 e serão ouvidos pelo júri popular e pelo juiz por videoconferência. Lessa está na Penitenciária de Tremembé, interior de São Paulo, enquanto Queiroz está no Centro de Inclusão e Reabilitação, em Brasília.