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Política

"Tarifaços lançam economia mundial em espiral de preços altos e estagnação", diz Lula a jornais estrangeiros

Presidente publicou artigo em nove veículos; mandatário opinou que socorro a super-ricos e grandes corporações "aprofundou desigualdades"

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Presidente Lula (PT) | Divulgação/Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou nessa quinta-feira (10) um artigo de opinião em nove jornais estrangeiros criticando tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a diversos países. O Brasil recebeu a maior taxa até o momento, de 50% sobre exportações, em vigor a partir de 1º de agosto.

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No texto, o mandatário brasileiro disse que tarifas "desorganizam cadeias de valor e lançam a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação". "A lei do mais forte também ameaça o sistema multilateral de comércio", lamentou.

Segundo o Palácio do Planalto, a análise assinada por Lula foi reproduzida nos veículos China Daily (China), Clarín (Argentina), Corriere della Sera (Itália), Der Spiegel (Alemanha), El País (Espanha), La Jornada (México), Le Monde (França), The Guardian (Reino Unido) e Yomiuri Shimbun (Japão).

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Ao longo do texto, Lula retomou assuntos que costuma abordar em discursos internacionais, como reforma de instituições globais, repúdio ao que considera "genocídio" em curso na Faixa de Gaza a cargo de Israel, mudanças climáticas e desigualdades sociais.

No primeiro parágrafo, o presidente declarou que 2025 deveria marcar celebração das oito décadas de existência da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas, no atual cenário de conflitos armados e guerra comercial, "pode entrar para a história como o ano em que a ordem internacional construída a partir de 1945 desmoronou".

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O mandatário lembrou invasões dos EUA a Iraque e Afeganistão, intervenção na Líbia e guerra na Ucrânia, comentando que "alguns membros permanentes do Conselho de Segurança banalizaram o uso ilegal da força".

"A omissão frente ao genocídio em Gaza é a negação dos valores mais basilares da humanidade", refletiu. Disse ainda que "a incapacidade de superar diferenças" gerou "nova escalada da violência no Oriente Médio, cujo capítulo mais recente inclui o ataque ao Irã".

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Para Lula, a crise econômica de global de 2008 "evidenciou o fracasso da globalização neoliberal, mas o mundo permaneceu preso ao receituário da austeridade".

"A opção de socorrer super-ricos e grandes corporações às custas de cidadãos comuns e pequenos negócios aprofundou desigualdades. Nos últimos 10 anos, os US$ 33,9 trilhões acumulados pelo 1% mais rico do planeta é equivalente a 22 vezes os recursos necessários para erradicar a pobreza no mundo", afirmou.

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O chefe do Executivo brasileiro opinou que instituições sofreram descrédito por causa de uma agenda voltada "ao estrangulamento da capacidade de ação do Estado". "A insatisfação tornou-se terreno fértil para as narrativas extremistas que ameaçam a democracia e fomentam o ódio como projeto político", acrescentou.

Voltando a criticar países ricos, Lula apontou que eles "são os maiores responsáveis históricos pelas emissões de carbono". "Mas serão os mais pobres quem mais sofrerão com a mudança do clima", continuou.

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"Os ataques às instituições internacionais ignoram os benefícios concretos trazidos pelo sistema multilateral à vida das pessoas. Se hoje a varíola está erradicada, a camada de ozônio está preservada e os direitos dos trabalhadores ainda estão assegurados em boa parte do mundo, é graças ao esforço dessas instituições", opinou.

O presidente também falou que termos como "desglobalização" se tornaram frequentes em tempos de polarização política. Mas reforçou que "é impossível 'desplanetizar' nossa vida em comum". "Não existem muros altos o bastante para manter ilhas de paz e prosperidade cercadas de violência e miséria", completou.

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Voltando a comparar 2025 a 1945, Lula disse acreditar que organizações "internacionais parecem ineficazes, porque sua estrutura não reflete a atualidade". Por isso, defendeu reforma como solução para a "a crise do multilateralismo", que, segundo ele, precisa ser refundado "sob bases mais justas e inclusivas".

No fim do texto, o mandatário destacou que o Brasil tem vocação de sempre "contribuir pela colaboração entre as nações", citando presidência do país à frente do G20, em 2024, e atualmente do Brics e da COP30. "É possível encontrar convergências mesmo em cenários adversos", escreveu.

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"É urgente insistir na diplomacia e refundar as estruturas de um verdadeiro multilateralismo, capaz de atender aos clamores de uma humanidade que teme pelo seu futuro. Apenas assim deixaremos de assistir, passivos, ao aumento da desigualdade, à insensatez das guerras e à própria destruição de nosso planeta", concluiu Lula.
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