Tarifaço: Lula diz estar aberto à negociação, mas exige respeito dos EUA
Presidente afirmou não temer acionar lei da reciprocidade caso países não cheguem a um acordo

Camila Stucaluc
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, na quinta-feira (10), que está disposto a negociar com os Estados Unidos em relação à taxa de 50% imposta pelo país sobre os produtos fabricados no Brasil. Para isso, contudo, o petista exigiu respeito de Washington às decisões brasileiras, afirmando que não teme acionar a lei da reciprocidade.
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“Nós não queremos brigar com ninguém. Nós queremos negociar e o que nós queremos é que seja respeitada as decisões brasileiras. Portanto, se ele [presidente Donald Trump] ficar brincando de taxação vai ser infinita essa taxação. Nós vamos chegar a milhões e milhões de milhões de por cento de taxa”, disse Lula, em entrevista à TV Globo.
Antes de acionar a lei da reciprocidade, o presidente afirmou que tentará o caminho do diálogo. Segundo ele, o Brasil levará a taxa de Trump para análise na Organização Mundial do Comércio (OMC), que deverá emitir um parecer sobre a medida. “A partir daí, se não houver solução, nós vamos entrar com a reciprocidade já a partir de 1º de agosto”, frisou.
A tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros foi anunciada por Trump na quarta-feira (9). Em carta enviada à Brasília, o republicano disse que a decisão buscava “corrigir as graves injustiças do sistema” comercial atual. Ele também associou a medida ao que considera perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aos ataques à liberdade de expressão por parte do Supremo Tribunal Federal (STF).
Questionado sobre os motivos de Trump, Lula voltou a dizer ser falsa a informação de que a economia norte-americana está em desvantagem no comércio entre as duas nações, uma vez que, “nos últimos 15 anos o déficit para o Brasil é de R$ 410 bilhões entre comércio e tarifas”. “Portanto, não existe explicação a não ser uma falta de informação”, disse.
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Já em relação a Bolsonaro, réu no STF por tentativa de golpe de Estado em 2022, o presidente defendeu que “o Brasil não aceita intromissão nas coisas do Brasil”. “Quem vai ser julgado não é o cidadão Bolsonaro. Quem vai ser julgado são os autos do processo. Se ele tiver razão, será absolvido. Se ele não tiver razão, será condenado. E se condenado, vai ser preso. É assim que funciona a Justiça no Brasil.”