Bolsonaro fala pela 1ª vez sobre tarifas de Trump e reafirma perseguição política: “Peço aos Poderes que ajam com urgência"
Ex-presidente publicou nota elogiando governo dos EUA e criticando o suposto isolamento diplomático brasileiro; veja manifestação na íntegra

SBT News
O ex-presidente Jair Bolsonaro se pronunciou pela primeira vez sobre as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras e o apoio recebido de Donald Trump.
Em nota divulgada nas redes sociais, nesta quinta-feira (10), Bolsonaro voltou a falar sobre perseguição política no Brasil e pediu às instituições brasileiras que "ajam com urgência". Além disso, demonstrou respeito e admiração ao governo norte-americano.
"Peço aos Poderes que ajam com urgência apresentando medidas para resgatar a normalidade institucional. Ainda é possível salvar o Brasil" declarou. "Deixo claro meu respeito e admiração pelo Governo dos Estados Unidos”.
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Na publicação, Bolsonaro disse ainda que o Brasil caminha para o isolamento internacional.
“O Brasil caminha rapidamente para o isolamento e a vergonha internacional. A escalada de abusos, censura e perseguição política precisam parar. O alerta foi dado, e não há mais espaço para omissões”, afirmou.
O pronunciamento de Bolsonaro ocorre em meio à tensão entre o governo brasileiro e o dos EUA. Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio, nesta quarta-feira (09), Donald Trump anunciou a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras e também saiu em defesa de Bolsonaro.
Segundo o presidente norte-americano, a taxação corrige "injustiças graves" no comércio bilateral.
"Nosso relacionamento tem sido desigual há muito tempo. Precisamos romper com essa relação injusta imposta pelas tarifas e barreiras do Brasil", alegou Trump no texto.
O republicano ainda alertou que, caso o Brasil retalie com novas tarifas, os EUA aumentarão a taxa sobre produtos brasileiros. “Se o senhor decidir aumentar suas tarifas, o valor será somado aos 50% já estabelecidos”, afirmou.
O governo brasileiro ainda avalia como responder. Nesta quinta-feira (10), Lula anunciou a criação de um comitê, com participação de empresários, para definir as ações diante da medida americana.
O Itamaraty também convocou o embaixador dos EUA para prestar esclarecimentos — um gesto considerado duro no campo diplomático.
Na carta endereçada a Lula, Trump defende Bolsonaro, dizendo que o ex-presidente é alvo de perseguição e que seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) representa uma "caça às bruxas".
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“O tratamento ao ex-presidente Bolsonaro, um líder amplamente respeitado durante seu governo, inclusive pelos Estados Unidos, é vergonhoso. Esse julgamento não deveria acontecer. Trata-se de uma caça às bruxas que deve terminar imediatamente”, disse Trump.
Bolsonaro está inelegível até pelo menos 2030, após condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por atacar e promover desinformação contra o sistema eleitoral brasileiro. Ele também é réu no STF, acusado de liderar uma tentativa de golpe em 2022.
Leia a nota de Jair Bolsonaro na íntegra:
"Recebi com senso de responsabilidade a notícia da carta enviada pelo presidente Donald J. Trump ao governo brasileiro, comunicando e justificando o aumento tarifário de produtos brasileiros. Deixo claro meu respeito e admiração pelo Governo dos Estados Unidos.
A medida é resultado direto do afastamento do Brasil dos seus compromissos históricos com a liberdade, o Estado de Direito e os valores que sempre sustentaram nossa relação com o mundo livre. Isso jamais teria acontecido sob o meu governo.
Essa caça às bruxas - termo usado pelo próprio presidente Trump - não é apenas contra mim. É contra milhões de brasileiros que lutam por liberdade e se recusam a viver sob a sombra do autoritarismo. O que está em jogo é a liberdade de expressão, de imprensa, de consciência e de participação política. Conheço a firmeza e a coragem de Donald Trump na defesa desses princípios.
O Brasil caminha rapidamente para o isolamento e a vergonha internacional. A escalada de abusos, censura e perseguição política precisam parar. O alerta foi dado, e não há mais espaço para omissões.
Peço aos Poderes que ajam com urgência apresentando medidas para resgatar a normalidade institucional. Ainda é possível salvar o Brasil".