Santa Casa de Porto Alegre registra alta de 25% em transplantes de órgãos em 2025
Diálogo com as famílias é o principal obstáculo para realizar procedimento que pode salvar até 8 pessoas
Eduardo Pinzon
do SBT Brasil
O Centro de Transplantes da Santa Casa de Porto Alegre apresentou um novo crescimento nos procedimentos realizados entre janeiro e junho de 2025, retomando os níveis anteriores às enchentes ocorridas em 2024.
No período, foram efetuados 354 transplantes, divididos entre 227 de órgãos e 127 de tecidos, um avanço de 25% em comparação ao mesmo intervalo do ano anterior, superando também os resultados alcançados em 2023.
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Esse desempenho positivo acompanha uma tendência nacional. Dados recentes do Ministério da Saúde indicam que, em 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou um recorde histórico com mais de 30 mil transplantes, representando um aumento de 18% em relação ao ano anterior.
No hospital gaúcho, os transplantes de rim foram os mais frequentes, com 159 cirurgias realizadas no semestre. Apesar da estrutura moderna e das equipes qualificadas, a recusa familiar é responsável por 50% das perdas de órgãos, de acordo com diretor da Santa Casa, o médico Antonio Kalil.
“Eu acho que nós temos equipes, nós temos instituições hospitalares, nós temos melhorado cada vez mais a condição de logística, então realmente o que nós precisamos é dessa conversa em casa, cada vez mais doadores. A recusa familiar é responsável por 50% das perdas de órgãos. Então, cada vez que a gente perde um doador, nós deixamos de salvar várias vidas. E isso deve ser discutido no meio familiar”, afirma o médico.
Como ser um doador de órgãos?
Quem deseja manifestar o desejo de doar pode conversar com familiares e preencher a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO)(saiba como fazer aqui). O documento digital registra formalmente a vontade de doar órgãos, tecidos e partes do corpo após a morte. Embora a AEDO não substitua a autorização da família, funciona como uma importante referência.
A Lei nº 9.434/1997, que regulamenta o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), estabelece que a autorização para a doação deve ser feita pela família do falecido. Cônjuges ou parentes de até segundo grau podem dar o consentimento. Um único doador pode salvar até oito vidas.