Lula diz que esquerda precisa se mobilizar para eleger mais deputados e senadores em 2026
Presidente voltou a culpar família Bolsonaro por taxação dos EUA e cutucou Trump: “Não é um gringo que vai dar ordem para este presidente da República"

Jessica Cardoso
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (17) que a esquerda precisa se mobilizar nas eleições de 2026 para eleger mais representantes no Congresso Nacional. Durante discurso no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), em Goiânia, Lula disse que a atual composição dificulta a aprovação de projetos.
“Vocês precisam lembrar que a esquerda toda que está aqui não tem mais que 140 deputados no Congresso Nacional de 513 deputados. Vocês têm que lembrar que devemos ter 12 senadores em 81. E para gente aprovar alguma coisa, tem que ter pelo menos metade. Por que estou dizendo isso? Porque é preciso a gente transformar o nosso sonho, os nossos desejos em ação. É preciso o PT se perguntar: ‘por que o PT é capaz de eleger um presidente da República cinco vezes e só fazer 70 deputados federais?’”, afirmou.
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Lula também defendeu que a esquerda estabeleça metas para o pleito.
“Logo, logo estaremos em ano eleitoral e precisamos saber com quantos deputados e senadores queremos sair quando abrir as urnas. Precisamos entender por que o povo não vota nos deputados e senadores de esquerda. Se não mudarmos a estratégia, vamos ter sempre dificuldade”, disse.
Durante o evento, Lula voltou a tecer críticas ao presidente norte-americano, Donald Trump, ao afirmar que não aceitará ordens de outro país.
“Não é um gringo que vai dar ordem para este presidente da República. Eu sei quem manda neste país. E essa pessoa se chama povo brasileiro”, afirmou.
Lula também voltou a apontar Jair Bolsonaro (PL) como responsável pela taxação dos EUA contra o Brasil, acusando o ex-presidente de traição por supostamente endossar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada por Trump. Bolsonaro nega ter tido participação na questão.
“Ele ainda vai ser processado pela covid-19, pela quantidade de gente que morreu sob a irresponsabilidade dele. Agora, manda o filho dele para os Estados Unidos: ‘vai lá pedir para o Trump me absolver’. E fica abraçada na bandeira norte-americana. Esse patriota falsa. Vamos tomar a bandeira verde e amarela, [ela] vai voltar a ser do povo brasileiro. O Bolsonaro que abrace a bandeira norte-americana, transfira o título para lá e vá votar lá”, disse.
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Em Juazeiro, no norte da Bahia, Lula voltou a criticar o alinhamento da família Bolsonaro com o posicionamento do governo americano e as sanções de Donald Trump contra o Brasil. O presidente citou a "carta desaforada" que o republicano enviou a ele: "Se não soltar o Bolsonaro, se não parar de perseguir ele, no dia 1 de agosto eu vou taxar o Brasil em 50%. Veja que coisa absurda".
Lula enfatizou que o processo contra Jair Bolsonaro é de responsabilidade do Poder Judiciário, e não cabe a ninguém - nem ao presidente da República, nem ao governador da Bahia - decidir. "O Bolsonaro tentou dar um golpe nesse país. Ele tinha um plano pra dar um golpe e tinha um plano para matar o Lula, para matar o Alckmin e para matar o Alexandre de Moraes", afirmou o presidente.
Sobre Trump, Lula foi ainda mais crítico: "Preciso que o presidente dos EUA saiba que não é imperador do mundo. Ele foi eleito para cuidar dos americanos. Aqui do Brasil, quem cuida somos nós", concluiu.