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Política

"Tarifaço de Trump é um teste à soberania brasileira", avalia cientista político

Para Elias Tavares, questionamento do presidente dos EUA sobre decisões do STF é uma tentativa de interferência direta no sistema nacional e deve ser respondida

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Presidente dos EUA, Donald Trump | Reprodução Jim Watson/AFP
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A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras não pode ser tratada como um gesto isolado de política comercial. Para o cientista político Elias Tavares, trata-se de uma crise diplomática e comercial que testa a maturidade institucional do Brasil, o que exige uma “resposta à altura” dos interesses nacionais.

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“Ao justificar a medida, Trump alega práticas desleais no comércio digital, mas incorpora à sua narrativa uma acusação grave e sem precedentes: classifica o julgamento de Jair Bolsonaro como uma ‘caça às bruxas’ e pede publicamente a suspensão do processo em curso no Supremo Tribunal Federal. É, na prática, uma tentativa de interferência direta no sistema de justiça de um país soberano”, pontua.

Tal gesto deve ser compreendido dentro do contexto eleitoral norte-americano. Isso porque, segundo Tavares, Trump procura fortalecer seu discurso para a base conservadora e, para isso, transforma o Brasil em peça de retórica política. As consequências, contudo, não são simbólicas, já que podem afetar diretamente o agronegócio, a indústria e a balança comercial brasileira.

Em meio ao cenário, Tavares aponta que a resposta do Brasil aos Estados Unidos precisa ser firme, técnica e coordenada. O primeiro passo é acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) para avaliar a taxação — medida já citada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em seguida, o país deve mobilizar o capital diplomático acumulado com os Brics, Mercosul e parceiros europeus.

No plano institucional, o cientista político defende que o Brasil precisa reforçar a autonomia do sistema de Justiça. Ele explica que, concorde-se ou não com as decisões do Supremo, a Corte representa a Constituição e deve ser defendida como pilar da democracia. “Críticas internas fazem parte do jogo democrático. Já a deslegitimação externa ultrapassa qualquer limite aceitável nas relações entre nações civilizadas.”

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Enquanto os países debatem, Tavares diz que é importante o Brasil não tratar a situação como uma disputa pessoal entre presidentes, já que o desafio é de Estado. “O tarifaço de Trump não é só uma sanção econômica. É uma tentativa de submeter o Brasil à lógica eleitoral de outro país. Não é uma questão ideológica. É uma questão de soberania. E soberania não se negocia. Se defende”, frisa o especialista.

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