Venezuela usa jornalistas de IA para evitar repressão no país
Tecnologia foi adotada por uma organização de notícias colombiana com a mídia independente venezuelana, para proteger os profissionais de informação
Cido Coelho
Para evitar perseguição política na Venezuela, a organização de notícias sediada na Colômbia, desenvolveu apresentadores avatares de inteligência artificial para levar notícias e informações sobre o país e os cidadãos venezuelanos sem comprometer a segurança dos jornalistas.
+ Confira as últimas notícias de Tecnologia
Intitulada "Operação Retuit" — que faz referência ao compartilhamento de publicações no X (antigo Twitter) — é realizada pela Connectas e 11 meios de comunicação independentes da Venezuela.
A iniciativa começou após as eleições de 28 de agosto, que deram vitória ao presidente Nicolás Maduro e foram contestadas pela oposição e por parte da comunidade internacional.
Os personagens e apresentadores El Pana (amigo) e La Chama (a garota) têm o objetivo de transmitir informações dos veículos independentes venezuelanos para mostrar a situação do país.
Além disso, a iniciativa torna-se uma estratégia importante para proteger os profissionais da informação diante de uma possível retaliação do governo de Nicolás Maduro, mantendo a população informada.
+ Entenda processo eleitoral que deu vitória a Maduro pela terceira vez seguida na Venezuela
Os vídeos estão disponíveis no YouTube e no Instagram. No início de cada vídeo, os apresentadores virtuais alertam que não são reais, mas que as informações são verdadeiras e checadas por jornalistas reais.
"Queremos dizer a vocês que não somos reais. Fomos gerados por inteligência artificial, mas nosso conteúdo é real, verificado, de qualidade e criado por jornalistas", diz El Pana no vídeo.
A Connectas não tem fins lucrativos e busca difundir informações sobre temas-chave em todo o continente americano. Nas primeiras 24 horas, mais de 400 mil pessoas puderam se informar na plataforma.
Atualmente, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, a Venezuela tem 10 jornalistas presos desde junho, sendo que desses, 8 permanecem detidos por acusações como terrorismo.
+ Todas as notícias sobre a Venezuela
"O nome Operação Retuit faz referência a outras operações montadas pelo governo, como a chamada Operação Tun Tun, que busca silenciar, desinformar e semear o medo. Gostaríamos de destacar o impacto positivo que esta iniciativa teve, pois queríamos chamar a atenção para o jornalismo valioso que persevera em muitos cantos da Venezuela", afirma Carlos Eduardo Huertas, diretor da Connectas.