Surtos de sarna, piolhos e parasitas podem surgir em áreas de enchentes; veja como prevenir
Aglomerações e contato com água e alimentos contaminados aumentam o risco de contrair infecções
Moradores de áreas em enchentes devem ficar atentos aos cuidados básicos de higiene. Isso porque, segundo o Instituto Butantan, locais com alta aglomeração, como abrigos, têm maior probabilidade de registrar surtos de sarna, piolho e parasitas – todos causados por artrópodes e transmitidas por contato direto entre pessoas contaminadas.
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O contato com água não potável e alimentos contaminados também aumenta o risco de contrair outras doenças, como a giardíase, causada pelo protozoário Giardia lamblia, e a ascaridíase ou lombriga, causada pelo verme Ascaris lumbricoides. Diarreia e dor abdominal são os primeiros sintomas, mas pode haver outras complicações.
Veja como se cuidar
Sarna
A escabiose ou sarna é uma parasitose humana causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, transmitido pelo contato direto e prolongado com uma pessoa infectada ou pelo uso de roupas e objetos do indivíduo infectado. Vale ressaltar que animais, como cães e gatos, não transmitem a sarna humana.
Sintomas: coceira, prurido e pintas vermelhas na pele, geralmente nos dedos e palmas das mãos, aréolas, axilas e genitais.
Tratamento: uso de medicamentos diretamente na pele, pelos e cabelo, ou uso de medicamentos orais receitados por um médico.
Prevenção: evite contato com pessoas e roupas contaminadas pelo parasita. Se a escabiose for detectada, todos que tiveram contato com o infectado devem ser examinados e tratados para interromper a cadeia de transmissão.
Bicho-de-pé
A tungíase (bicho-de-pé) é uma doença infecciosa causada pela picada da fêmea de uma espécie de pulga chamada Tunga penetrans, que se alimenta de sangue. A pulga penetra pela pele humana com mais frequência nos dedos dos pés e calcanhares, onde deposita seus ovos. Cães e gatos são os principais hospedeiros da pulga e o diagnóstico pode ser feito com análise clínica.
Sintomas: um círculo claro em volta de um ponto escuro, que é o abdômen da pulga cheio de ovos. Também pode haver dor na vesícula.
Tratamento: os parasitas devem ser retirados por profissionais de saúde com agulhas esterilizadas e respeitando os devidos cuidados de higiene. Se a infestação for grave, a retirada deve ser feita com auxílio de anestesia. O uso de antibióticos com prescrição médica e a imunização contra o tétano também são recomendados.
Prevenção: evite andar descalço ao transitar ou permanecer em locais infestados, prefira utilizar botas de cano alto e/ou de cor clara para facilitar a visualização das pulgas. Animais devem ser examinados com regularidade para evitar infestação.
Giardíase
A giardíase é uma das infecções parasitárias mais comuns entre humanos no mundo, sendo diretamente associada a locais com condições sanitárias precárias. A infecção é causada pelo protozoário Giardia duodenalis, e pode ocorrer a partir da ingestão dos cistos do microrganismo presentes nas águas de rios, piscinas e lagos.
Os cistos da Giardia lamblia são infecciosos assim que são eliminados pelas fezes de pessoas ou animais infectados. Isso torna a parasitose altamente infecciosa se alguém entrar em contato com ela, não lavar as mãos e tocar recipientes ou maçanetas e campainhas. Cães e gatos também podem ser vias de transmissão.
Sintomas: diarreia aguda que pode se tornar persistente se não tratada. É caracterizada por dor abdominal, gases, náusea, vômito e desidratação.
Tratamento: quando a diarreia durar 14 dias ou mais, e forem identificados cistos ou trofozoítos nas fezes ou no intestino, um médico deve receitar um medicamento de atividade antiprotozoária adequada.
Prevenção: ingestão de água potável (filtrada e desinfetada) juntamente com a higiene pessoal; lavar frequentemente as mãos, recipientes, utensílios e alimentos com água limpa; disponibilidade de água potável em quantidade suficiente para beber.
Ascaridíase
A ascaridíase é uma infecção intestinal causada pelo verme Ascaris lumbricoides que, por lembrar uma lombriga, recebeu popularmente este nome. Nas infecções mais intensas pode causar déficit nutricional e, nos casos mais graves, obstrução intestinal, com necessidade de intervenção cirúrgica.
A transmissão ocorre por meio da ingestão de ovos embrionados do verme presentes em alimentos crus mal lavados, como hortaliças, legumes e frutas, pela ingestão de água não tratada ou não filtrada e pelo manuseio de alimentos feito sem higienização adequada.
Sintomas: febre, suor, fraqueza, náuseas, tosse e palidez na fase inicial; desconforto abdominal, perda de apetite, cólicas, diarreia, anemia e dores musculares após as larvas se instalarem no intestino.
Tratamento: com medicamentos contra helmintos (vermes) prescritos por um médico.
Prevenção: ingestão de água potável (filtrada e desinfetada) juntamente com a higiene pessoal; lavar frequentemente as mãos; lavar recipientes, utensílios e alimentos com água limpa; disponibilidade de água potável em quantidade suficiente para beber.
Tragédia no RS
O alerta do Butantan acontece em meio à tragédia climática no Rio Grande do Sul, onde mais de 460 municípios ficaram ilhados devido a enchentes. A Defesa Civil contabiliza 155 mortos e 806 feridos, além de 77.202 desabrigados e 540.188 desalojados.
+ RS tem alerta de risco para inundações e deslizamentos neste sábado (18)
Além das doenças infecciosas, autoridades alertam para o risco de hipotermia – longa exposição ao frio intenso – para aqueles que estiverem expostos e sem proteção. Uma frente fria atingiu o estado, baixando as temperaturas. Na capital Porto Alegre, por exemplo, os termômetros registram mínima de 11º e máxima de 16ºC neste sábado (18).