Leptospirose: saiba como se prevenir da doença durante enchentes e chuvas intensas
Infecção acontece por meio do contato com a urina de animais infectados ou água contaminada
Chuvas intensas e enchentes, como acontece atualmente no Rio Grande do Sul, podem colaborar para a proliferação da leptospirose entre humanos. Isso porque a infecção acontece por meio do contato com a urina de animais (principalmente ratos) infectados ou com água e lama contaminadas – cenário predominante em áreas inundadas.
Podemos definir a leptospirose como uma doença infecciosa febril. Aqueles que forem infectados podem apresentar sintomas como febre acima de 38°C, calafrios, dor de cabeça, dor muscular (principalmente na panturrilha), falta de apetite, náusea e vômitos. Outra característica marcante da doença, em alguns casos, é apresentar olhos vermelhos.
Quadros mais graves ocorrem em aproximadamente 15% dos indivíduos, a partir da segunda semana, quando há aumento da produção de anticorpos. Os principais sintomas são icterícia (pele e olhos amarelados), insuficiência renal, alteração no nível de consciência e hemorragia. Tosse seca e falta de ar podem indicar comprometimento dos pulmões.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a mortalidade é de 10% e pode chegar a 50% quando ocorre hemorragia pulmonar. No ano passado, por exemplo, 258 dos 3.128 casos confirmados de leptospirose no Brasil resultaram em morte.
Como os atuais testes detectam a leptospirose somente após uma semana do início dos sintomas, é recomendado buscar atendimento médico assim que houver suspeita de infecção. A atenção deve ser redobrada após exposição a enchentes: a doença pode se manifestar até 30 dias após o contato com lama ou água contaminadas.
Como se prevenir em enchentes
A bactéria Leptospira penetra no corpo por mucosas da boca, nariz e olhos, e por meio da pele em caso de imersão prolongada na água contaminada. Feridas e cortes facilitam a infecção. Em situações de inundação, o Ministério da Saúde recomenda as seguintes medidas de prevenção:
- Cubra cortes ou arranhões com bandagens à prova d’água;
- Se possível, utilize botas e luvas para reduzir o contato com a água contaminada, ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés;
- Após as águas baixarem, retire a lama e desinfete pisos, paredes e bancadas com água sanitária, deixando agir por 15 minutos (sempre com a proteção de luvas e botas de borracha);
- Não nade ou beba água doce de fonte que possa estar contaminada pela água da enchente;
- Descarte alimentos e medicamentos que tiveram contato com a água da inundação;
- Trate a água antes do consumo, fervendo ou utilizando hipoclorito de sódio;
- Caso seja profissional de saúde ou de resgate, use equipamentos de proteção individual (EPIs).
O controle dos roedores também é importante para evitar a proliferação da doença. Para isso, basta fazer o descarte adequado do lixo, evitando acúmulo de entulhos, e fechando frestas e aberturas em portas e rodapés. O lixo deve ser colocado em sacos plásticos ou em latões de metal com tampa, e armazenado em locais altos até que seja coletado.
Fui infectado. Há tratamento?
O tratamento deve ser feito com o uso de antibióticos a partir do momento da suspeita. Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial, mas, nos casos graves, a hospitalização deve ser imediata, visando evitar complicações e diminuir a letalidade.
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Segundo o Ministério da Saúde, a antibioticoterapia está indicada em qualquer período da doença, mas sua eficácia costuma ser maior na primeira semana do início dos sintomas. Na fase precoce, são utilizados Doxiciclina ou Amoxicilina, e para a fase tardia, Penicilina cristalina, Penicilina G cristalina, Ampicilina, Ceftriaxona ou Cefotaxima.